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A Estratégia de Combate ao Crime: Preço Alto e Resultados Incertos

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 7 de fev.
  • 2 min de leitura

Segurança:

A declaração do secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Victor Santos, ao defender operações constantes nas favelas para enfraquecer financeiramente o tráfico de drogas, reflete a dureza e o dilema de uma estratégia que promete resultados à custa de altos custos humanos e sociais. Santos admite que as consequências dessa abordagem incluem mortes de inocentes e policiais, mas argumenta que ela é necessária para evitar uma perda de controle no futuro. No entanto, surge a questão: até que ponto o custo de uma guerra permanente é sustentável para a sociedade?


O secretário utiliza uma metáfora comparando a situação ao tratamento de um câncer: por muito tempo, a sociedade foi anestesiada e os efeitos do tráfico de drogas foram aliviados superficialmente, enquanto o problema persistia e se agravava. Embora a analogia com o câncer seja válida para destacar a necessidade de um tratamento mais eficaz, é preciso refletir se a quimioterapia proposta – uma estratégia de enfrentamento constante e violenta – realmente levará à cura ou se, ao contrário, pode agravar ainda mais as condições de vida nas comunidades afetadas.


Ao admitir o erro do passado ao focar apenas no combate às milícias, Santos reconhece uma falha no planejamento estratégico. Contudo, sua análise parece simplificar a complexidade do cenário, pois enfocar apenas as finanças do tráfico pode não ser a solução definitiva. Se o problema é estruturado em uma rede complexa de poder, armas e dinheiro, será que cortar apenas um de seus braços realmente enfraquecerá o todo ou o tornará mais furtivo e imprevisível?


Além disso, a crítica contra a ocupação permanente das comunidades, com a afirmação de que o estado não tem fôlego para isso, aponta para um vácuo de políticas públicas e planejamento de longo prazo. A desordem no Rio de Janeiro não é apenas um reflexo de uma falta de recursos, mas também da ausência de uma abordagem integrada e sustentável que vá além de ações pontuais e militares. Para enfrentar o tráfico, não basta desmantelar a estrutura financeira – é preciso investir em educação, infraestrutura e oportunidades para que as comunidades não sejam terreno fértil para o recrutamento de novos membros das facções.


Portanto, embora a intenção de enfraquecer o poderio bélico do tráfico seja válida, é urgente questionar se as medidas propostas por Santos são suficientes para resolver a raiz do problema, ou se, na tentativa de tratar a dor, o Rio de Janeiro está, na verdade, adiando a verdadeira cura.



 
 
 

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