A Invisibilidade da Miséria: Quando a Repressão Substitui a Solução
- Marcus Modesto
- 24 de jan.
- 1 min de leitura
O vídeo que circula nas redes sociais, mostrando pessoas em situação de rua utilizando o chafariz da Praça Aprígio Cravo, em Volta Redonda, para higiene pessoal e preparo de alimentos, levanta questões urgentes sobre a crise social e a omissão do poder público. A reação da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop-VR), ao reforçar a presença da Guarda Municipal, evidencia uma abordagem focada na segurança e na repressão, mas que ignora as raízes do problema: a falta de políticas públicas eficazes para a população em situação de vulnerabilidade.
A fala do coronel Henrique, responsável pela pasta, reforça essa perspectiva ao afirmar que a secretaria está limitada pela legislação e que o problema deve ser tratado pela Assistência Social. No entanto, essa divisão de responsabilidades não pode servir de pretexto para a inércia do governo municipal. A atuação de forças de segurança para coibir práticas que refletem a miséria não resolve a questão, apenas a desloca temporariamente para outros espaços.
A crise social, intensificada pela desigualdade e pela ausência de políticas habitacionais e de reinserção social, não pode ser tratada apenas como um problema de ordem pública. É necessário um esforço conjunto entre órgãos de assistência social, saúde e habitação para oferecer alternativas reais a essas pessoas, garantindo acesso a moradia, alimentação e emprego.
Enquanto a resposta do poder público continuar limitada à repressão e não à solução das causas da pobreza extrema, cenas como essa continuarão se repetindo, não apenas em Volta Redonda, mas em todo o país. Afinal, o problema não está no uso do chafariz como cozinha e banheiro improvisados, mas na falta de condições dignas para aqueles que foram esquecidos pelo sistema.

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