AGU anuncia ação criminal contra Flávio Bolsonaro após postagem que liga Lula ao crime organizado

O governo federal decidiu entrar com uma ação criminal contra o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) após uma publicação em que ele associa o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a facções criminosas como o PCC e o Comando Vermelho. A decisão foi confirmada nesta sexta-feira pelo ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, em entrevista à imprensa.

A postagem de Flávio, feita nas redes sociais, traz uma montagem que coloca Lula ao lado de dois dos maiores nomes do crime organizado no país: Marcola, chefe do PCC, e Fernandinho Beira-Mar, do Comando Vermelho. Na legenda, o senador afirma que “CV, PCC e PT são as três facções mais perigosas do Brasil”.

Jorge Messias afirmou que a conduta do parlamentar atinge a honra do presidente da República e não se enquadra nos limites do debate político. A AGU já iniciou os procedimentos para apresentar uma representação formal junto à Procuradoria-Geral da República (PGR), com base na legislação que protege a dignidade das instituições democráticas e da própria figura presidencial.

A ofensiva jurídica surge em meio ao crescimento de discursos radicais por parte da oposição, especialmente após a recusa do governo federal em apoiar projetos que classificariam organizações criminosas como grupos terroristas — proposta alinhada à agenda de Donald Trump nos Estados Unidos e defendida por aliados de Jair Bolsonaro.

Não é a primeira vez que Flávio Bolsonaro protagoniza episódios de embates públicos envolvendo membros do governo. Em janeiro deste ano, o senador já havia travado uma disputa judicial com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, após declarações sobre o caso das rachadinhas. O senador também entrou com ação por danos morais contra o ministro, processo que segue em curso.

Além disso, episódios semelhantes já levaram a AGU a agir contra outros parlamentares da oposição. Em abril, o órgão acionou a Polícia Federal contra o deputado Gilvan da Federal (PL-ES), que desejou publicamente a morte de Lula. Em setembro do ano passado, a AGU apresentou queixa-crime contra o deputado Gustavo Gayer (PL-GO) por ataques ao ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida.

A nova ação contra Flávio Bolsonaro marca mais um capítulo na escalada de tensões entre governo e oposição, e reforça a estratégia do Planalto de reagir com medidas legais contra ataques considerados ofensivos ou fora do campo democrático.