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Alerta da Embaixada dos EUA para o Carnaval no Brasil: prudência ou exagero?

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 7 de fev.
  • 2 min de leitura

A Embaixada dos Estados Unidos emitiu um alerta de segurança para seus cidadãos que vierem ao Brasil durante o Carnaval, recomendando medidas como evitar favelas, não carregar grandes quantias de dinheiro e desconfiar de estranhos. As orientações, apesar de conterem conselhos básicos de segurança, reforçam uma visão alarmista do Brasil, um país que recebe milhões de turistas todos os anos, muitos dos quais vêm justamente para vivenciar a maior festa popular do mundo.


Se há riscos? Claro. Assim como há em qualquer grande evento de rua, seja no Brasil, nos Estados Unidos ou em qualquer outro país. O problema é a ênfase exagerada no medo, pintando o Brasil como um território hostil onde o turista estrangeiro deve caminhar como se estivesse em zona de guerra. O alerta chega a um nível de obviedade quase infantil ao sugerir que as pessoas não aceitem bebidas de estranhos e não reajam a assaltos — recomendações que qualquer viajante minimamente informado já deveria ter em mente, independentemente do destino.


O tom generalista também ignora as grandes diferenças entre as cidades brasileiras. O Carnaval de Salvador, por exemplo, tem dinâmicas diferentes do Carnaval do Rio, que, por sua vez, é distinto do de São Paulo ou Recife. Ao tratar o Brasil como um bloco único, sem distinção entre locais mais ou menos seguros, o comunicado acaba desinformando tanto quanto alerta.


Além disso, há um fator implícito que não pode ser ignorado: a imagem que se constrói do Brasil no exterior. O discurso de que turistas devem “evitar favelas a qualquer custo”, por exemplo, ignora que muitas comunidades têm projetos culturais e turísticos legítimos, além de serem berços de manifestações autênticas do Carnaval. Claro que há regiões perigosas, mas há também locais que recebem visitantes de forma organizada e segura. O alerta, no entanto, trata tudo como um grande território proibido.


A segurança deve ser levada a sério, mas sem histeria. O Brasil tem problemas estruturais? Sim. Mas também tem um histórico de acolher milhões de turistas durante o Carnaval, que se divertem sem grandes incidentes. A Embaixada dos EUA poderia, em vez de apenas difundir o medo, colaborar de forma mais equilibrada, sugerindo boas práticas sem desestimular a experiência. Afinal, segurança e informação são essenciais, mas o medo desmedido também pode ser um desserviço.



 
 
 

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