Almoço secreto entre Bolsonaro, Tarcísio e Gusttavo Lima levanta questionamentos sobre articulações fora da agenda oficial
- Marcus Modesto
- 4 de abr.
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Um encontro fora dos holofotes reuniu o ex-presidente Jair Bolsonaro, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o cantor sertanejo Gusttavo Lima no Palácio dos Bandeirantes, no último dia 14 de março. O almoço, que durou cerca de quatro horas, não foi registrado na agenda oficial do governador nem comunicado pela assessoria de Bolsonaro. O sigilo que envolveu a reunião levanta suspeitas sobre o teor das conversas e a razão para manter o encontro longe do escrutínio público.
Segundo interlocutores próximos a Gusttavo Lima, o cantor — que havia anunciado em janeiro a intenção de disputar a Presidência da República — decidiu oficialmente, durante o almoço, desistir da candidatura. Poucos dias depois, a desistência foi tornada pública. A movimentação, embora legítima no campo das articulações políticas, acontece sem qualquer transparência institucional, revelando mais uma vez a prática comum entre lideranças políticas de tratar interesses públicos em ambientes privados e sem registro oficial.
A ausência do compromisso na agenda do governador Tarcísio de Freitas, que ocupa um cargo de alta relevância e responsabilidade pública, reforça críticas sobre a falta de compromisso com a transparência. Em tempos em que a confiança da população nas instituições está abalada, encontros políticos mantidos sob sigilo não ajudam a dissipar dúvidas, especialmente quando envolvem figuras públicas de alto poder de influência e possível interesse eleitoral.
Ainda de acordo com fontes, o clima do almoço foi de trocas de elogios entre os três — uma cena que reforça o tom amistoso, mas que não apaga a falta de clareza quanto aos objetivos do encontro. A presença de Gusttavo Lima, com projeção nacional e apelo popular, ao lado de Bolsonaro e Tarcísio, levanta dúvidas se o sertanejo poderá, mesmo sem ser candidato, atuar como cabo eleitoral em 2026.
A política feita nos bastidores, à revelia da sociedade, é sintoma de uma cultura que resiste à transparência e à ética pública. A omissão do encontro nas agendas oficiais não é mero descuido — é escolha deliberada. E quando figuras públicas optam pelo segredo, a sociedade tem o direito e o dever de questionar: o que está sendo articulado longe dos olhos do público?




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