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Apelo de Michelle Bolsonaro a Luiz Fux expõe fragilidade institucional e pressiona STF

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 8 de abr.
  • 2 min de leitura

O apelo público feito por Michelle Bolsonaro ao ministro Luiz Fux, durante um ato político na Avenida Paulista, aprofundou fissuras já existentes no Supremo Tribunal Federal (STF) e acendeu o alerta entre integrantes da Corte sobre a escalada da pressão política em torno da anistia aos réus dos atos golpistas de 8 de janeiro.


Ao citar nominalmente Fux — “sei que o senhor é um juiz de carreira e não vai jogar seu nome na lama” — a ex-primeira-dama ultrapassou o limite do aceitável em uma democracia que preza pela separação entre os Poderes. O gesto foi visto por ministros como uma tentativa clara de coagir a Suprema Corte a flexibilizar o rigor das condenações, especialmente após a morte de Cleriston Pereira da Cunha e casos de forte apelo emocional, como o de uma idosa condenada por participação nas invasões.


O desconforto entre os magistrados se agravou com a postura recente do próprio Fux, que, no mês passado, afirmou que o STF julgou “sob violenta emoção” e sinalizou disposição para rever penas — como a da cabeleireira que pichou com batom uma estátua da Justiça. A mudança de tom surpreendeu colegas e abriu brechas para interpretações de que há vacilo interno em uma das instituições-chave da República.


Um gesto que enfraquece a imagem da Corte


Para membros da Corte ouvidos reservadamente, a fala de Michelle — impulsionada pela ambiguidade recente de Fux — legitima a ofensiva política da direita bolsonarista contra o Judiciário. E mais: reforça a narrativa de que o STF tem agido com parcialidade e excesso, mesmo diante de um dos maiores ataques já vistos à democracia brasileira.


Esse tipo de exposição pública compromete não apenas a imagem institucional do STF, mas também sua independência, especialmente quando ministros se mostram suscetíveis à opinião pública ou ao clamor político. A tentativa de reabilitar o discurso da anistia — ainda que com roupagem emocional — ignora o peso simbólico dos atos de 8 de janeiro, que colocaram em xeque as estruturas do Estado Democrático de Direito.


Pressão calculada, riscos concretos


O movimento liderado por Michelle Bolsonaro não é ingênuo. Ao personalizar o debate em Fux, um dos ministros com histórico mais moderado, o bolsonarismo testa os limites do STF e investe em sua já conhecida estratégia de vitimização e deslegitimação das instituições.


Cabe agora ao Supremo reafirmar seu papel: não o de ceder à emoção ou à pressão política, mas de aplicar a lei com firmeza e responsabilidade histórica. Afinal, a democracia brasileira segue em construção — e seu pilar mais importante, a Justiça, não pode vacilar.



 
 
 

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