Argentina flexibiliza câmbio e mira novo empréstimo de US$ 20 bilhões do FMI
- Marcus Modesto
- 12 de abr.
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A Argentina eliminou a maior parte dos controles cambiais e passou a permitir que o peso flutue dentro de uma faixa determinada, como parte da estratégia econômica do presidente Javier Milei, que se prepara para receber um novo empréstimo de US$ 20 bilhões do Fundo Monetário Internacional (FMI).
O Banco Central argentino anunciou nesta sexta-feira (11) que a moeda local poderá ser negociada entre 1.000 e 1.400 pesos por dólar, encerrando o chamado “cepo cambiário”, um sistema rígido de controle cambial em vigor há anos no país. A medida pode obrigar a autoridade monetária a intervir vendendo dólares de suas reservas, que devem ser reforçadas com US$ 15 bilhões do FMI, valor equivalente a 75% do novo programa aprovado.
Outra mudança importante é o fim do limite de US$ 200 mensais para a compra de dólares por pessoas físicas, além da autorização para que empresas enviem dividendos ao exterior — ações vistas como um sinal de liberalização do mercado cambial.
Horas após o anúncio, o FMI confirmou um novo acordo de financiamento com a Argentina, no valor total de US$ 20 bilhões, com desembolsos previstos ao longo de quatro anos. O ministro da Economia, Luis Caputo, afirmou que US$ 12 bilhões serão depositados já na próxima terça-feira (15), com mais US$ 2 bilhões previstos para junho.
Segundo o governo, os recursos serão utilizados para quitar dívidas internas do Tesouro com o Banco Central e também amortizações de programas anteriores com o FMI, principalmente o iniciado em 2022. A medida foi formalizada por decreto publicado em 10 de março.
Com a nova injeção de capital, a expectativa é de que a Argentina comece a sair de um ciclo de dois anos de recessão. Projeções do Banco Central indicam um crescimento do PIB de 5% em 2025, com inflação desacelerando para 27,5%. No entanto, os desafios seguem grandes: a inflação anual chegou a quase 300% no primeiro ano de Milei, e os investidores temem uma nova desvalorização do peso nos mercados oficiais.
Apesar de o governo controlar o câmbio com uma taxa de desvalorização de 1% ao mês — bem abaixo da inflação —, especialistas consideram essa política insustentável. A defasagem cambial compromete a competitividade das empresas argentinas e encarece o país para turistas estrangeiros.
Nos mercados paralelos, onde o peso costuma ser negociado livremente, a cotação já chegou a 1.341 pesos por dólar, refletindo a desconfiança dos investidores e as expectativas de ajustes mais drásticos.

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