Até quando vai a farsa da operação do Bolsonaro?

Marcus Modesto

Mais uma vez, o ex-presidente Jair Bolsonaro mobiliza a opinião pública com uma suposta cirurgia — dessa vez, uma operação de mais de 12 horas no Hospital Vila Nova Star, em Brasília . Mas no dia seguinte, ele aparece caminhando pelos corredores, sorridente, conversando com apoiadores, como se tivesse saído de uma sessão de fisioterapia, e não de um centro cirúrgico.

É evidente que há algo errado nesse roteiro mal ensaiado. O problema é que a imprensa brasileira, em vez de questionar, apenas reproduz a versão oficial sem pestanejar. Nenhuma apuração mais profunda, nenhuma consulta a especialistas, nenhum questionamento real. Apenas notas frias, relatos neutros e manchetes mornas.

Desde quando uma operação de 12 horas permite que alguém desfile pelo hospital no dia seguinte? Por que ninguém está perguntando isso? Por que a mídia aceita e divulga, sem contestar, uma narrativa tão evidentemente absurda?

A verdade é que, enquanto parte da imprensa continuar se comportando como assessoria de imprensa de políticos, farsas como essa vão continuar. Não é só Bolsonaro que subestima a inteligência do povo — é também quem se cala diante da encenação.

O jornalismo precisa acordar. Porque quando a imprensa não investiga, a mentira vira manchete.