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Ataque com drone em comunidade do Rio escancara colapso da segurança urbana

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 16 de jun.
  • 2 min de leitura

O uso de um drone para lançar um explosivo em uma praça com crianças, na comunidade da Congonha, em Turiaçu, Zona Norte do Rio de Janeiro, na noite de domingo (15), representa um novo e alarmante patamar da violência urbana. A ação, atribuída à facção Terceiro Comando Puro (TCP), se aproxima das táticas de guerra vistas em conflitos internacionais — como o embate entre Irã e Israel —, onde a tecnologia é usada como arma de intimidação, ataque e domínio.


Imagens de câmeras de segurança mostram o momento exato da explosão. Crianças correm, gritam e se jogam ao chão, em pânico. O alvo, segundo as investigações, não era militar, nem estratégico: era simbólico. O recado, como nas guerras convencionais, foi deixado à população civil, especialmente aos moradores de uma área dominada pela facção rival, o Comando Vermelho.


A suspeita é de que o ataque tenha sido ordenado por Wallace Brito Trindade, o “Lacoste”, chefe do tráfico no Complexo da Serrinha. A motivação seria uma represália em meio à disputa pelo controle territorial. Para os moradores, pouco importa a razão: a realidade é que o terror bateu à porta da comunidade, trazendo à tona o que especialistas já apontam há anos — o Rio vive uma guerra não declarada.


O paralelo com o Oriente Médio não é gratuito. Em Gaza, drones e mísseis cortam os céus carregando morte e destruição. No Rio, a mesma tecnologia é adaptada ao contexto da criminalidade local. A intenção é a mesma: dominar territórios, intimidar rivais, silenciar comunidades. A diferença é que, enquanto os conflitos internacionais ganham repercussão e mobilizam governos e organismos internacionais, a guerra urbana brasileira segue ignorada, como se fosse parte da rotina.


Nos bastidores da segurança pública, o nome do projeto de expansão de Lacoste chama atenção: “Complexo de Jerusalém”. A escolha não é ingênua. Remete ao simbolismo da cidade sagrada, eternamente disputada. No caso do Rio, o que está em disputa é o monopólio do tráfico, o controle sobre as bocas de fumo, a submissão das comunidades. O nome do projeto é quase uma confissão: a cidade está fragmentada em feudos, cada qual com sua bandeira, seu arsenal e seus métodos de guerra.


Enquanto isso, o Estado segue ausente ou reativo. Investigações são abertas, operações são anunciadas, mas líderes como Lacoste continuam impondo medo de dentro de mansões cercadas por muros grafitados e segurança armada. A lógica é a de uma organização paralela, com seu próprio território, regras e aparato de guerra.


A explosão na praça da Congonha foi mais do que um ataque. Foi uma mensagem. E o que assusta é perceber que, neste conflito, as crianças já estão no campo de batalha.



 
 
 

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