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Bandeira dos EUA com nome de Trump gera tensão na Câmara e escancara importação de símbolos na política brasileira

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 22 de jul.
  • 2 min de leitura

Brasília – Um ato simbólico promovido por deputados aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro gerou constrangimento e debate na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (22). Durante uma coletiva no Salão Verde, parlamentares bolsonaristas estenderam uma bandeira dos Estados Unidos com a inscrição “Trump 2024” em protesto contra o cancelamento de sessões de comissões presididas por membros do PL. O gesto foi interpretado como uma demonstração de apoio conjunto a Donald Trump e Jair Bolsonaro — ambos investigados por tentativa de golpe em seus respectivos países.


O episódio ocorreu após o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), publicar um ato oficial suspendendo as reuniões das comissões permanentes durante o recesso parlamentar, que vai até 1º de agosto. A decisão frustrou manobras da oposição que buscavam aprovar moções de apoio político a Bolsonaro em comissões estratégicas.


Como resposta, deputados como Sargento Fahur (PSD-PR) e Delegado Caveira (PL-PA) empunharam a bandeira com o nome de Trump, alegando solidariedade ao ex-presidente americano, que enfrenta múltiplas acusações na Justiça dos EUA. A cena causou desconforto entre parlamentares, com ao menos um deputado reagindo: “Tira essa bandeira daqui”, protestou, evidenciando a rejeição de parte da Casa à importação de símbolos da política norte-americana.


Bolsonaro, Trump e a retórica do “perseguido”


O deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP), que preside a Comissão de Segurança Pública, minimizou o episódio, mas não escondeu a motivação ideológica por trás do ato. “Não foi constrangimento. Pedimos para retirar porque não era o foco hoje”, disse. Em seguida, atacou a diplomacia brasileira: “Tudo que Trump faz é uma resposta ao trabalho da diplomacia do presidente Lula. Um trabalho ruim, que recebe a resposta da comunidade internacional”.


A exibição da bandeira norte-americana e o apelo ao nome de Trump nas dependências do Congresso Nacional repercutiram nas redes sociais e geraram críticas de analistas políticos. Para muitos, o episódio simboliza a crescente tentativa de setores da direita de alinhar a narrativa bolsonarista à trajetória de Trump — ambos alvos de investigações, ambos se colocando como vítimas de perseguição judicial e ambos com pretensões eleitorais futuras.


Política brasileira ou extensão da polarização americana?


A manifestação com símbolos estrangeiros dentro do Legislativo brasileiro reacende o debate sobre os limites entre apoio ideológico e submissão simbólica. A utilização da bandeira de outro país em uma Casa legislativa nacional — ainda mais com referência a um candidato em eleição estrangeira — não passou despercebida, nem mesmo entre aliados.


O episódio marca mais um capítulo da radicalização do discurso político no Brasil e da tentativa de internacionalizar disputas locais, importando ícones, métodos e discursos da extrema direita norte-americana. Mas a recepção dentro do próprio Parlamento indica que nem todos estão dispostos a seguir esse roteiro.

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