“Barra Mansa despenca para a 10ª posição no ranking de IDH do Sul Fluminense”
- Marcus Modesto
- há 7 dias
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Barra Mansa, que já foi sinônimo de pujança industrial e progresso no interior do estado do Rio de Janeiro, hoje ocupa uma posição desconfortável: é a 10ª colocada no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da região Sul Fluminense, com nota 0,766. Fica atrás de Resende, Volta Redonda, Barra do Piraí, Paraty, Angra dos Reis, Três Rios, Vassouras, Valença e Itatiaia. No ranking estadual, ocupa apenas a 31ª posição entre os 92 municípios fluminenses — um reflexo direto do encolhimento de sua economia e da ausência de um projeto de cidade.
O município, que nos anos 1950 era chamado de “Pittsburgh Fluminense” pelo seu robusto parque industrial e pelo papel de protagonista no desenvolvimento da região, vive hoje um cenário de estagnação. Dados do Censo 2022 mostram que a população encolheu em cerca de 10 mil habitantes desde 2010. Um verdadeiro êxodo silencioso, motivado pela escassez de oportunidades e pela perda de relevância frente aos vizinhos.

Apesar de a nova gestão do prefeito Luiz Furlani ainda estar no início, preocupa a ausência de diretrizes estratégicas voltadas à recuperação econômica de longo prazo. Até o momento, o governo municipal não apresentou políticas claras para geração de empregos, atração de investimentos ou incentivo à inovação. As ações se restringem a manutenções básicas e promessas genéricas de retomada, sem cronograma ou metas objetivas.
Os números econômicos escancaram essa realidade. Em 2021, o PIB per capita de Barra Mansa foi de R$ 34.816,53, o que colocava o município na 36ª posição entre os 92 do estado e na 1.755ª entre os 5.570 do país. A dependência financeira também é preocupante: 63,81% das receitas do município em 2023 vieram de fontes externas, como repasses estaduais e federais, deixando Barra Mansa em 63º lugar no estado e 4.888º no Brasil nesse quesito. Isso evidencia a falta de autonomia fiscal e a fragilidade da arrecadação própria.
Ainda assim, os valores brutos da arrecadação municipal chamam atenção. Em 2023, o total de receitas realizadas foi de R$ 907,7 milhões, com R$ 882,1 milhões em despesas empenhadas. No ranking estadual, isso coloca a cidade entre as 20 maiores economias municipais, mas esse volume de recursos não se reverte, na prática, em dinamismo econômico ou melhoria significativa dos indicadores sociais.
A crise atinge em cheio setores estratégicos, como a educação. Recentemente, a rede municipal enfrentou uma greve de professores, denunciando defasagem salarial, falta de estrutura nas escolas e descaso com a valorização profissional. A paralisação escancarou o colapso de uma área fundamental para qualquer proposta de futuro — e expôs o silêncio da administração diante de um problema que exige respostas urgentes.
A indústria, outrora motor de desenvolvimento, segue desacelerada. A promessa do Condomínio Industrial de Barra Mansa, que recebeu R$ 27 milhões, não se converteu em geração de empregos. A Zona Especial de Negócios (ZEN), vendida como nova fronteira de progresso, continua travada. O município carece de articulação política e visão estratégica para destravar projetos e se recolocar como polo regional.
Enquanto isso, Volta Redonda e Resende colhem os frutos de anos de planejamento, atraindo indústrias, investindo em tecnologia e formando mão de obra qualificada. São exemplos de como a iniciativa pública pode liderar processos de transformação urbana e econômica. Barra Mansa, ao contrário, parece paralisada, sem identidade, sem ambição e sem metas de futuro.
Se não houver uma mudança de postura, com decisões firmes e uma agenda voltada para o desenvolvimento, Barra Mansa corre o risco de desaparecer do mapa do protagonismo regional. A cidade precisa retomar o espírito inovador que a consagrou no século XX. O tempo urge — e a reconstrução precisa começar agora.
Indicador Econômico dos Municípios do Sul Fluminense
Os 10 melhores IDH do Sul Fluminense
Resende
Volta Redonda
Angra dos Reis
Itatiaia
Paraty
Barra do Pirai
Três Rios
Valença
Vassouras
Barra Mansa
Relação das cidades do Estado do Rio de Janeiro
1
Niterói
2303,46
2
Rio de Janeiro
1784,44
3
Macaé
1220,53
4
Rio das Ostras
1209,07
5
Petrópolis
1081,77
6
Resende
1070,26
7
Nova Friburgo
1060,29
8
Volta Redonda
1043,69
9
Maricá
1040,98
10
Teresópolis
1015,43
11
Miguel Pereira
1014,00
12
Armação dos Búzios
1013,13
13
Iguaba Grande
1003,64
14
Cabo Frio
1001,53
15
Mangaratiba
951,22
16
Angra dos Reis
919,03
17
Itatiaia
902,06
18
Paraty
900,74
19
Casimiro de Abreu
852,24
20
Bom Jesus do Itabapoana
843,91
21
Saquarema
836,99
22
Cordeiro
835,25
23
Barra do Piraí
835,16
24
Três Rios
828,68
25
Arraial do Cabo
824,20
26
Nilópolis
823,16
27
São Pedro da Aldeia
821,20
28
Araruama
813,51
29
Valença
805,66
30
Vassouras
798,55
31
Barra Mansa
798,11
32
Natividade
775,22
33
Campos dos Goytacazes
764,02
34
Mendes
761,64
35
Miracema
757,94
36
Itaperuna
753,88
37
Santo Antônio de Pádua
743,89
38
Pinheiral
738,36
39
Cantagalo
730,10
40
Rio Bonito
728,04
41
São Gonçalo
724,92
42
Porciúncula
724,43
43
Piraí
723,27
44
Cachoeiras de Macacu
721,07
45
Bom Jardim (Rio de Janeiro)
717,53
46
Quissamã
716,04
47
Paraíba do Sul
709,94
48
Itaocara
707,72
49
Mesquita
700,88
50
Rio Claro
699,55
51
Conceição de Macabu
695,04
52
Paty do Alferes
688,80
53
Itaguaí
684,77
54
Areal
673,72
55
Seropédica
672,49
56
Guapimirim
670,59
57
Carapebus
664,20
58
Macuco
664,16
59
Porto Real
659,61
60
Itaboraí
659,17
61
São João de Meriti
658,78
62
Sapucaia
655,53
63
Italva
652,58
64
Magé
651,83
65
Carmo
645,52
66
Duque de Caxias
642,68
67
Nova Iguaçu
640,45
68
Paracambi
637,38
69
São Fidélis
631,72
70
Comendador Levy Gasparian
626,48
71
Duas Barras
625,98
72
Quatis
620,37
73
São João da Barra
618,89
74
Santa Maria Madalena
614,13
75
Trajano de Moraes
602,42
76
Rio das Flores
601,90
77
São José do Vale do Rio Preto
594,03
78
Engenheiro Paulo de Frontin
586,84
79
Cambuci
558,87
80
Silva Jardim
545,93
Foto Marcus Modesto

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