Barra Mansa refém de um sistema que sufoca o servidor público
- Marcus Modesto
- há 2 dias
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Marcus Modesto
Em Barra Mansa, o que se vê hoje é um retrato nítido de uma administração pública que se tornou insensível, autoritária e completamente desconectada das reais necessidades dos servidores e da população. Sob o comando do prefeito Luiz Furlani, com a cumplicidade de uma Câmara Municipal subserviente, o município se mantém preso a um sistema de controle político e institucional que ignora leis, sufoca direitos e perpetua privilégios.
A omissão no pagamento do Piso Nacional da Educação Básica, garantido por lei federal desde 2008, e o descaso com o Plano de Cargos, Carreira e Salário (PCCS) dos servidores, instituído por lei municipal desde 2015, escancaram a prioridade da gestão: manter o poder nas mãos de poucos, mesmo que isso custe a dignidade de muitos.
Tudo gira em torno de uma engrenagem onde dinheiro público é gerido a portas fechadas, por um grupo que age com acesso privilegiado às contas e verbas do município, como se o CNPJ da prefeitura fosse uma empresa privada a serviço de interesses particulares. É um jogo onde a fidelidade política pesa mais que a competência, e a obediência vale mais do que o compromisso com o serviço público.
Quem ousa discordar ou confrontar essa lógica é logo silenciado. O sistema é construído para excluir. Servidores que exigem seus direitos são vistos como inimigos. Cidadãos que questionam são ignorados. E profissionais do Direito, em sua maioria, evitam qualquer enfrentamento direto com o poder municipal – não por falta de argumentos, mas por conveniência, medo ou alinhamento com o mesmo grupo que controla tudo.
As promessas eleitorais – como a implementação do PCCS no SAAE – ficaram no discurso. Nenhuma ação concreta foi tomada para cumprir o que foi dito à população. A ausência de liderança técnica e compromisso com os trabalhadores reforça a sensação de abandono e desrespeito.
Enquanto isso, cargos continuam sendo distribuídos como favores, e folhas de pagamento viram moeda de troca entre interesses políticos, empresariais e religiosos. Há uma fartura visível para quem está dentro do círculo de confiança do poder, enquanto a maioria dos servidores precisa lidar com salários defasados, direitos negados e total ausência de valorização profissional.
O problema em Barra Mansa não é financeiro. É estrutural, ético e moral. E ele só se mantém porque há um pacto informal entre quem deveria fiscalizar e quem administra. A cidade está, na prática, entregue a um grupo que age para si, e não para o bem comum.
A única saída possível, ainda que lenta e difícil, continua sendo a via judicial. Mas até isso é um desafio quando o próprio Judiciário local parece fechado aos dramas reais da cidade. Não há independência, nem urgência.
A política de Barra Mansa se tornou um ciclo viciado, onde os mesmos de sempre decidem tudo, e o povo segue pagando a conta com silêncio, medo e resignação. Enquanto não houver ruptura nesse pacto de poder, os servidores continuarão sendo tratados como peças descartáveis de uma máquina feita apenas para proteger os donos do jogo.

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