Bolsonaro é intimado em hospital e ataca STF: “É um crime contra a democracia brasileira”

Internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em Brasília, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi oficialmente intimado a apresentar sua defesa no inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) e apura uma suposta tentativa de golpe de Estado no final de 2022. A intimação ocorreu nesta segunda-feira (22), no Hospital DF Star, onde o ex-mandatário se recupera de uma cirurgia para desobstrução intestinal.

A cena foi registrada em vídeo e publicada pelo portal Metrópoles. Nas imagens, uma oficial de Justiça entrega o documento a Bolsonaro, que reage com críticas diretas ao STF e ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso. “Não vou sair do Brasil, não vou fugir do Brasil. Fique tranquilo. Não vai ter motivo para decretar [prisão] preventiva minha”, declarou. Em tom combativo, afirmou ainda que sua intenção é “ajudar o país”.

Durante a conversa gravada, Bolsonaro atacou duramente as decisões da Corte e comparou a atuação do STF ao regime nazista. “O tribunal do Hitler também cumpriu a missão: botar os judeus na câmara de gás. Todos pagaram seu preço um dia. Não vai ser diferente aqui no Brasil”, disse. A fala provocou imediata repercussão entre juristas, políticos e analistas, ampliando ainda mais o já acirrado clima político entre bolsonaristas e o Judiciário.

O ex-presidente também classificou como “covardia” as acusações contra ele e seus aliados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. Segundo Bolsonaro, não houve tentativa de golpe. “Sem arma, sem tropa, sem liderança, sem dinheiro, em um domingo onde Lula saiu cedinho para fugir do clima… É um crime que estão fazendo contra a democracia brasileira”, afirmou. Ele citou ainda o caso de Débora, uma das presas preventivamente, que pode ser condenada a até 17 anos, como exemplo do que considera abuso judicial.

Até o momento, a defesa de Jair Bolsonaro não se manifestou oficialmente sobre a intimação ou sobre os comentários feitos durante a internação. O inquérito continua sob relatoria de Alexandre de Moraes, com expectativa de novos desdobramentos nas próximas semanas.

A intimação hospitalar, somada ao conteúdo do vídeo, reacende a polarização no cenário político nacional e reforça a tensão institucional entre o ex-presidente e o Supremo Tribunal Federal.