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Bolsonaro e o vitimismo estratégico: a polêmica do passaporte de Eduardo

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 3 de mar.
  • 2 min de leitura

Jair Bolsonaro voltou a recorrer ao velho roteiro do vitimismo para tentar blindar seu filho, Eduardo Bolsonaro, da possibilidade de ter o passaporte apreendido. O ex-presidente, cujo próprio documento foi retido pela Justiça desde fevereiro do ano passado, usou as redes sociais para acusar a oposição de “perseguição” e “tentativa de constrangimento”. No entanto, a realidade é menos teatral e mais grave: Eduardo é alvo de uma representação por crimes contra a soberania nacional, após atuar nos Estados Unidos em manobras que podem ser interpretadas como ingerência estrangeira sobre o Judiciário brasileiro.


O episódio expõe, mais uma vez, a estratégia bolsonarista de tentar transformar qualquer investigação legítima em uma “caça às bruxas” política. A representação do PT junto à Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta que Eduardo Bolsonaro teria trabalhado ativamente para fomentar sanções contra o ministro Alexandre de Moraes e interferir em processos judiciais no Brasil. As articulações junto a congressistas republicanos dos EUA resultaram na aprovação, pelo Comitê Judiciário da Câmara americana, de um projeto de lei que pode impedir Moraes de entrar no país ou até mesmo deportá-lo. Uma movimentação que, no mínimo, beira a irresponsabilidade diplomática.


Bolsonaro tenta minimizar os atos do filho ao afirmar que tudo não passa de uma tentativa de impedi-lo de assumir a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (Creden) na Câmara dos Deputados. O PT, por sua vez, busca barrar sua nomeação, negociando com outros partidos para evitar que Eduardo tenha poder sobre pautas internacionais — um temor justificado, visto seu histórico de alinhamento incondicional ao trumpismo e sua disposição para sabotar a soberania brasileira em nome de interesses externos.


No meio da crise, o Departamento de Estado dos EUA fez uma publicação que soou como um puxão de orelha indireto ao STF, ao criticar restrições à liberdade de expressão. A resposta veio no dia seguinte, com Moraes reafirmando a independência do Brasil e a legitimidade das decisões da Suprema Corte. A mensagem é clara: o Judiciário brasileiro não se submeterá a pressões externas, nem a jogadas políticas de um grupo que flerta com a instabilidade institucional sempre que lhe convém.


A narrativa de perseguição construída por Bolsonaro e seus aliados não resiste aos fatos. Eduardo Bolsonaro não está sendo punido por suas opiniões, mas sim por ações concretas que podem configurar afronta à soberania nacional. Se há algo que ameaça sua carreira política, não são conspirações imaginárias do PT, mas sim sua própria conduta.



 
 
 

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