Bolsonaro volta a se dizer vítima de injustiça e admite temor de prisão do filho Eduardo ao retornar ao Brasil
- Marcus Modesto
- 17 de jul.
- 2 min de leitura
Em mais um movimento de confronto com o Judiciário, o ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (17), em entrevista coletiva no Senado, que é inocente das acusações feitas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e voltou a atacar duramente as investigações conduzidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo ele, o processo que pode levá-lo a mais de 40 anos de prisão é uma “injustiça”.
A declaração vem três dias após a PGR reiterar o pedido de condenação do ex-presidente pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e participação em organização criminosa — acusações ligadas ao 8 de Janeiro e ao entorno do ex-mandatário.
“Não sou culpado de nada, não estou sendo acusado de corrupção. É injustiça comigo”, disse Bolsonaro, tentando novamente diferenciar sua situação da de outros políticos alvos da Justiça.
Apesar da tentativa de demonstrar tranquilidade, a fala do ex-presidente deixou explícito o temor de uma ofensiva mais ampla da Justiça, desta vez envolvendo também seu núcleo familiar.
Questionado sobre a situação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está licenciado e morando nos Estados Unidos, o pai foi direto:
“Se Eduardo vier pra cá, ele está preso. Ou não está? Pelo que eu sei, ele não vem pra cá. Vai ser preso no aeroporto.”
A fala causou constrangimento entre aliados e escancarou o receio de que a Polícia Federal avance sobre o filho, que está no centro de especulações sobre novos desdobramentos das investigações. Eduardo tem até este domingo (20) para reassumir seu mandato na Câmara dos Deputados. Se não retornar, poderá ser punido por excesso de faltas, o que pode inclusive resultar em perda de mandato.
A permanência do deputado nos Estados Unidos já havia causado polêmica após ele defender publicamente que o governo americano aumentasse tarifas sobre produtos brasileiros. A declaração, vista como traição a interesses nacionais, gerou críticas até mesmo dentro do próprio PL.
Ao se colocar novamente como alvo de uma perseguição política, Bolsonaro parece buscar apoio popular e blindagem institucional. A estratégia, no entanto, esbarra na gravidade das acusações que pesam contra ele. A possível pena de mais de 40 anos de prisão o coloca no centro de um processo que pode selar seu futuro político — e, agora, ameaçar o de seu filho.
A tensão entre o ex-presidente e as instituições segue em alta, num ambiente de instabilidade que mistura discurso de vitimização, fuga estratégica e suspeitas cada vez mais robustas. A coletiva desta quinta não trouxe argumentos novos — apenas reforçou a sensação de que Bolsonaro se vê encurralado. E que, para ele, o cerco está se fechando.




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