Brasil avalia romper relações militares com Israel em resposta a ações em Gaza
- Marcus Modesto
- 13 de jun.
- 3 min de leitura
O governo brasileiro está analisando medidas para suspender relações militares com Israel, diante do agravamento do conflito na Faixa de Gaza. A decisão, ainda em estudo, busca responder à escalada da violência promovida por Tel Aviv, que o Executivo federal classifica como um genocídio contra o povo palestino. A informação foi confirmada pela Assessoria Especial da Presidência da República.
O assessor-chefe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Celso Amorim, declarou à Agência Brasil que o país precisa agir em coerência com os princípios humanitários e o direito internacional. “Pessoalmente, acredito que a escalada dos massacres em Gaza, que constituem verdadeiro genocídio com milhares de civis mortos, incluindo crianças, é algo que não pode ser minimizado”, afirmou Amorim. “O Brasil precisa ser coerente com os princípios que sempre defendeu.”
A declaração de Amorim ocorreu após uma reunião com um grupo de cerca de 20 parlamentares e lideranças sociais, que cobraram ações mais enérgicas do governo, incluindo o rompimento das relações diplomáticas e comerciais com Israel.
Apesar da pressão crescente, o governo avalia que um rompimento diplomático seria uma medida extrema, com possíveis repercussões negativas tanto para brasileiros que vivem em Israel quanto para os próprios palestinos, diante da perda de canais diplomáticos de diálogo. Por isso, o Executivo considera que a suspensão de acordos e cooperação militar pode ser uma resposta proporcional diante da atual conjuntura.
Em janeiro deste ano, o Brasil já havia cancelado a compra de blindados israelenses prevista pelo Ministério da Defesa, em protesto contra as ações de Israel na Faixa de Gaza.
Pressão política e movimentos sociais
A deputada federal Natália Bonavides (PT-RN), que liderou a articulação da reunião com Amorim, afirmou que o governo estuda medidas concretas e que anúncios podem ocorrer nos próximos dias. “É um extermínio televisionado. Viemos pedir que o Brasil adote sanções efetivas, respaldadas pelo direito internacional. Se a barbárie é naturalizada, a maldade não encontra limites”, declarou em suas redes sociais.
O apelo para o rompimento das relações com Israel vem ganhando força entre movimentos sociais e entidades sindicais. A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) divulgaram uma carta aberta cobrando que a Petrobras interrompa a venda de petróleo ao governo israelense. No documento, as entidades defendem um embargo total de energia e armas, além da responsabilização por crimes de guerra.
“É dever moral e legal de todos os Estados impor sanções e exigir o fim do genocídio, do apartheid e da ocupação ilegal dos territórios palestinos”, afirmam as federações em nota conjunta.
Campanha internacional por sanções
As demandas também se alinham à campanha internacional liderada pelo movimento BDS – Boicote, Desinvestimento e Sanções –, que desde 2005 convoca a comunidade internacional a aplicar sanções econômicas e diplomáticas contra Israel. O movimento, organizado por lideranças palestinas, denuncia a ocupação da Cisjordânia e o cerco à Faixa de Gaza, que se intensificou a partir de 2007.
Israel, por sua vez, classifica o BDS como uma ameaça à sua existência e um esforço para deslegitimar o Estado israelense no cenário internacional, além de considerar os boicotes como ações destinadas a enfraquecer sua economia.
Enquanto o impasse diplomático se intensifica, cresce a expectativa por uma decisão oficial do governo brasileiro nos próximos dias – decisão que pode redefinir o posicionamento do país no conflito mais sangrento da história recente do Oriente Médio.
Com informações da Agência Brasil
Foto Roque de Sá

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