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Brasil confirma primeiro caso de gripe aviária em granja comercial e acende alerta para setor avícola

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 17 de mai.
  • 3 min de leitura

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou nesta semana o primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial no Brasil, rompendo uma barreira sanitária que vinha sendo mantida desde a chegada do vírus ao país, em maio de 2023. Até então, todos os registros da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) estavam restritos a aves silvestres. O novo caso foi identificado no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul.


A confirmação levou à execução imediata do Plano de Contingência Nacional, com o abate preventivo das aves do plantel, isolamento da área afetada e vigilância sanitária intensificada. Técnicos do estado e da União estão mobilizados em um raio de 10 quilômetros para investigar possíveis ligações com outras propriedades. O episódio reacende preocupações sobre a segurança do setor avícola, que é um dos pilares da agroindústria brasileira.


Baixo risco para humanos, mas risco crescente para o sistema de saúde


Apesar do potencial do vírus H5N1 de causar infecção em humanos, especialistas garantem que a transmissão ainda é rara. A virologista Helena Lage, da USP, afirma que o risco para a população em geral continua sendo muito baixo, atingindo principalmente pessoas que mantêm contato direto com aves infectadas.


Já a infectologista Rosana Richtmann, do Instituto Emílio Ribas, alerta que o maior risco está na possibilidade de o vírus sofrer mutações, principalmente em cenários de coinfecção com vírus humanos, como o H1N1. Um indivíduo infectado por ambos os vírus pode funcionar como um “laboratório” vivo, abrindo portas para uma nova variante adaptada à transmissão entre humanos.


Consumo de frango e ovos segue seguro


O Mapa reiterou que não há qualquer risco no consumo de carne de frango ou ovos. O vírus não é transmitido por alimentos, principalmente quando preparados de forma adequada. O foco confirmado em Montenegro envolve aves matrizes, destinadas à reprodução, e não diretamente à mesa do consumidor.


Expansão global do H5N1 preocupa cientistas


Desde 2022, a gripe aviária tem se espalhado por diversas espécies. Casos já foram registrados em mamíferos, como leões-marinhos na América do Sul, furões na Europa e até vacas leiteiras nos Estados Unidos, onde já se contam mais de mil rebanhos infectados. A variante atual do H5N1 demonstrou uma capacidade inédita de atravessar barreiras entre espécies, o que torna o monitoramento ainda mais urgente.


Brasil reage com medidas de contenção e reforço na vigilância


A confirmação do caso em Montenegro levou ao reforço imediato das medidas de biossegurança. Além da granja, há análise em andamento sobre um possível foco no Zoológico de Sapucaia do Sul, que foi fechado preventivamente. O governo brasileiro também notificou a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), órgãos internos e parceiros comerciais.


As ações incluem campanhas de educação sanitária, intensificação do controle em fronteiras, monitoramento de aves silvestres e capacitação de profissionais da área.


Vacinas específicas ainda não estão disponíveis no Brasil


Enquanto vacinas contra a gripe aviária já estão aprovadas nos Estados Unidos e na Europa para uso emergencial em trabalhadores expostos, o Brasil ainda não possui imunizante autorizado. O Instituto Butantan está desenvolvendo uma vacina nacional, com expectativa de produzir até 30 milhões de doses por ano. Os testes clínicos devem começar em breve, segundo o Ministério da Saúde.


Um alerta ao setor e à saúde pública


O caso em Montenegro não deve ser motivo de alarde entre os consumidores, mas é um sinal de que o vírus rompeu uma fronteira delicada. A contaminação de granjas comerciais, se não for controlada, pode trazer impactos sérios à economia e à saúde pública. Por isso, especialistas reforçam a necessidade de vigilância constante, transparência nos dados e agilidade nas respostas.


O Brasil, maior exportador de carne de frango do mundo, enfrenta agora o desafio de proteger sua cadeia produtiva sem negligenciar o risco potencial à saúde humana. O episódio de Montenegro é, mais do que um alerta sanitário, um teste de preparo e coordenação entre governo, setor produtivo e comunidade científica.


Foto Reprodução


 
 
 

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