Brasil e China reforçam parceria estratégica com acordos bilionários e defesa do multilateralismo
- Marcus Modesto
- 13 de mai.
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Em encontro realizado nesta terça-feira (13) em Pequim, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping reafirmaram a aliança estratégica entre Brasil e China com uma declaração conjunta que aborda desde críticas às guerras comerciais até a defesa da paz em conflitos internacionais. A reunião resultou na assinatura de 20 acordos de cooperação e na confirmação de cerca de R$ 27 bilhões em investimentos chineses no Brasil.
O documento divulgado pelos dois líderes destaca o compromisso com um comércio multilateral baseado nas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e condena o protecionismo. Lula enfatizou a importância da parceria bilateral no atual cenário internacional. “China e Brasil estão determinados a unir suas vozes contra o unilateralismo e o protecionismo”, afirmou.
A visita do presidente brasileiro ocorre em um momento de tensões comerciais e diplomáticas globais. No dia anterior, China e Estados Unidos anunciaram uma trégua temporária na guerra de tarifas iniciada na gestão Trump, enquanto o Brasil tenta negociar a suspensão de sobretaxas americanas sobre aço e alumínio.
Alinhamento político e defesa da paz
O encontro também foi marcado por declarações contundentes sobre os principais conflitos armados da atualidade. Lula voltou a condenar as guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza, e reforçou o papel do Brasil e da China na mediação de um caminho para a paz. “Superar a insensatez dos conflitos armados também é pré-condição para o desenvolvimento”, afirmou, ao destacar a disposição dos dois países em promover o diálogo entre Moscou e Kiev.
Xi Jinping, por sua vez, classificou a relação com o Brasil como estratégica e reforçou a defesa conjunta do multilateralismo. “China e Brasil vão defender juntos o livre comércio e o sistema multilateral”, declarou o presidente chinês.
A declaração final também reiterou o apoio brasileiro ao princípio de “Uma Só China”, reconhecendo Taiwan como parte do território chinês — um gesto diplomático alinhado às diretrizes de Pequim.
Investimentos e acordos bilaterais
Entre os principais anúncios econômicos estão aportes da montadora GAC (R$ 6 bilhões), da plataforma Meituan (R$ 5 bilhões) e da estatal CGN (R$ 3 bilhões) para um hub de energia renovável no Piauí. Também foram confirmados investimentos da Envision, Mixue, Baiyin Nonferrous e outras empresas nos setores de energia, alimentos, mobilidade urbana e biotecnologia.
A visita teve um forte foco comercial. A ApexBrasil mapeou mais de 400 oportunidades de negócios com o país asiático, especialmente no agronegócio. Um novo escritório foi inaugurado em Pequim para facilitar as exportações brasileiras de carne, e o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, avançou em negociações para simplificar o registro de produtos biotecnológicos no mercado chinês.
Protagonismo geopolítico
Antes de desembarcar na China, Lula passou por Moscou, onde se reuniu com o presidente Vladimir Putin. A sequência das visitas reforça a estratégia brasileira de reposicionamento diplomático, apostando no diálogo com potências emergentes e na promoção de uma governança internacional reformada, mais inclusiva e multipolar.
“A parceria entre Brasil e China nunca foi tão necessária”, afirmou Lula, ao destacar que, apesar da distância geográfica, os dois países compartilham valores e interesses comuns em meio à crescente fragmentação da ordem global.
Esta foi a terceira reunião presencial entre os presidentes desde o início do atual mandato brasileiro e a segunda em território chinês, sinalizando o esforço do governo brasileiro para consolidar laços estratégicos com o Oriente sem romper os canais de diálogo com o Ocidente.




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