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Cúpula do Brics reúne líderes no Rio com bloco ampliado e foco em IA, comércio e governança global

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 6 de jul.
  • 3 min de leitura

Com o cenário internacional marcado por tensões políticas e disputas comerciais, a Cúpula do Brics teve início neste domingo (6), no Rio de Janeiro, reunindo pela primeira vez os chefes de Estado dos 11 países que atualmente compõem o bloco. A expansão, oficializada em 2023 com a entrada de seis novos membros — entre eles Arábia Saudita, Irã, Egito e Emirados Árabes Unidos — dá uma nova configuração ao grupo, agora mais diverso e desafiador em termos diplomáticos.


Durante dois dias, líderes debatem temas como a governança global da inteligência artificial, o fortalecimento do comércio multilateral, segurança alimentar e as principais crises geopolíticas da atualidade. A cúpula acontece no Museu de Arte Moderna (MAM) e conta com reuniões bilaterais, apresentações técnicas e eventos paralelos de alto escalão.


No sábado (5), negociadores entregaram o esboço do documento final que será debatido pelos presidentes. O texto preliminar propõe diretrizes conjuntas em áreas estratégicas e reforça a crítica a medidas unilaterais de restrição comercial. Uma eventual aprovação do comunicado está prevista para segunda-feira (7), no encerramento oficial do encontro.


Lula defende comércio multilateral e regulação da inteligência artificial


Durante discurso no Fórum Empresarial do Brics, realizado na zona portuária do Rio e com mais de mil lideranças do setor privado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs a criação de mecanismos conjuntos para a regulação ética e responsável da inteligência artificial.


Sem mencionar diretamente os Estados Unidos, Lula criticou o aumento do protecionismo, em especial as recentes tarifas impostas a produtos chineses, e defendeu uma reforma na arquitetura econômica global.


“Os 11 membros do Brics já representam mais de 40% do PIB global em paridade de poder de compra. Diante do ressurgimento do protecionismo, cabe às nações emergentes defender o regime multilateral de comércio e reformar a arquitetura financeira internacional”, afirmou o presidente brasileiro, durante o evento no Píer Mauá.


Lula também participou de encontros bilaterais com líderes dos países-membros, incluindo reuniões com representantes da China, África do Sul e Egito, reforçando a estratégia brasileira de posicionar o Brics como plataforma de diálogo e cooperação em áreas sensíveis.


Atritos e desafios internos


Apesar do tom diplomático, pontos de tensão continuam em pauta. O principal impasse entre os países gira em torno da falta de consenso sobre temas como a reforma do Conselho de Segurança da ONU, o conflito entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza e a crescente tensão entre Irã, Israel e Estados Unidos.


Na última reunião dos chanceleres, em abril, não houve acordo sobre uma declaração conjunta. Agora, os negociadores trabalham em um texto que reflita um “consenso possível”, segundo fontes envolvidas.


O rascunho do comunicado final também aborda a criação de uma agenda comum para a cooperação em saúde, com propostas voltadas à ampliação do acesso a serviços médicos, combate à desnutrição e investimentos em infraestrutura básica como saneamento e habitação, especialmente por meio de tecnologias inovadoras.


A inteligência artificial, um dos principais eixos da cúpula, é tratada como ferramenta de desenvolvimento, mas com ressalvas. O bloco defende a criação de regras internacionais para evitar abusos e garantir a equidade no acesso às tecnologias emergentes.


Uma nova era para o bloco


A ampliação do Brics traz ao centro da cena global um grupo de países com interesses, modelos políticos e prioridades muitas vezes divergentes. A presença de regimes autoritários e de nações envolvidas em conflitos armados dificulta a construção de consensos — mas, ao mesmo tempo, amplia o peso geopolítico do grupo no tabuleiro internacional.


O Brasil, como anfitrião, busca manter a pauta focada em temas técnicos e estratégicos, evitando que disputas políticas comprometam os avanços diplomáticos e comerciais possíveis.


Com a expectativa de um posicionamento conjunto ao fim da cúpula, a reunião no Rio marca não apenas uma nova etapa do Brics, mas um teste importante sobre sua capacidade de se consolidar como uma força influente e coordenada em um mundo cada vez mais fragmentado.


 
 
 

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