CACs e a Perda de Controle das Armas no Rio de Janeiro: Uma Ameaça à Segurança Pública
- Marcus Modesto
- 9 de fev.
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Marcus Modesto
O crescimento desordenado dos Centros de Apoio aos Colecionadores, Atiradores e Caçadores (CACs) no Rio de Janeiro evidencia uma falha crítica na política de segurança pública do estado. Em vez de contribuir para a redução da violência, a expansão desses centros tem alimentado a proliferação de armamentos pesados nas mãos de civis, agravando ainda mais o cenário de insegurança já crítico na cidade.
Originalmente criados para regulamentar a posse e o uso de armas por cidadãos interessados em atividades de tiro e caça, os CACs se tornaram um ponto de acesso irrestrito para armamentos de grosso calibre. Embora seja legal o registro de armas para fins esportivos, a falta de controle rigoroso sobre quem realmente está adquirindo e utilizando essas armas transforma os CACs em um risco para a ordem pública. Em vez de coibir a violência, o que vemos é um aumento exponencial na circulação de armas ilegais, muitas das quais acabam nas mãos de criminosos, milicianos e até grupos paramilitares.
A facilidade com que se pode acessar armamentos de alto poder de fogo, como fuzis e pistolas, é um reflexo claro da negligência do governo em garantir uma fiscalização efetiva. O próprio conceito de “autorização legal” para possuir uma arma se tornou uma brecha para a violência generalizada. Ao invés de se transformar em uma ferramenta de segurança, os CACs têm se tornado centros de vulnerabilidade, onde a desregulamentação favorece a proliferação de armas no mercado negro. Esse ciclo vicioso alimenta o tráfico, fortalece facções criminosas e coloca em risco a vida da população carioca.
A falha do modelo se torna ainda mais evidente quando se observa que, em um estado como o Rio de Janeiro, onde a violência e o crime organizado já são problemas de longa data, a expansão dos CACs só contribui para agravar a situação. As armas legalizadas não permanecem em um vácuo controlado — elas são utilizadas fora do contexto em que deveriam ser permitidas, criando uma espécie de “legitimidade” para o tráfico e para os milicianos, que facilmente se aproveitam da fragilidade do sistema.
É urgente que o governo do estado e os órgãos competentes reavaliem os CACs e a atual legislação sobre posse de armas. Não basta apenas colocar um sistema de registro — é preciso garantir uma fiscalização real, criteriosa e eficaz, para que o acesso a armamentos seja restrito de forma a proteger, e não a ameaçar, a população. O descontrole sobre as armas nas mãos de civis, especialmente em um cenário como o do Rio de Janeiro, é um caminho certo para a escalada da violência e para a total perda da segurança pública. O modelo atual falhou, e o preço disso está sendo pago pelas pessoas comuns que, dia após dia, vivem sob o domínio do medo.

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