Calor extremo no Rio: 17 cidades em alerta e mudanças na rotina
- Marcus Modesto
- 17 de fev.
- 4 min de leitura
O calor intenso não é exclusividade da capital fluminense. Neste domingo, a Secretaria Estadual de Saúde emitiu um alerta de “calor extremo” para 17 municípios, incluindo Barra Mansa, Duque de Caxias e Volta Redonda.
O aviso, enviado às prefeituras de todos os 92 municípios do estado, foi baseado na média de temperatura dos últimos três dias, comparada com dados históricos de 10 anos. O cálculo também leva em conta um fator de aclimatação, que mede o quanto a temperatura se distancia dos últimos 30 dias.
Municípios em alerta
• Região Metropolitana: Belford Roxo, Duque de Caxias, Magé, Nilópolis e Nova Iguaçu.
• Interior: Aperibé, Barra Mansa, Cachoeiras de Macacu, Casimiro de Abreu, Guapimirim, Iguaba Grande, Mangaratiba, São Pedro da Aldeia, São Sebastião do Alto, Sumidouro, Três Rios e Volta Redonda.
O alerta não apenas orienta os profissionais de saúde a se prepararem para atender casos de insolação e desidratação, mas também recomenda que os municípios criem locais de resfriamento para a população.
Aulas suspensas em Barra Mansa
Diante da onda de calor, a Prefeitura de Barra Mansa anunciou a suspensão das aulas no período da tarde e noite na rede municipal até quarta-feira. As escolas funcionarão apenas das 7h às 10h30, mas permanecerão abertas até às 13h para alunos que precisem se alimentar.
“Os alunos e professores serão liberados e não haverá aulas no decorrer do dia e à noite. As escolas seguirão abertas até às 13h, caso algum aluno deseje merendar na unidade”, diz o comunicado oficial.
Rio pode atingir nível inédito de calor
A previsão para os próximos dias indica temperaturas acima dos 40°C, o que pode levar a cidade do Rio de Janeiro ao nível 4 de calor (NC4), um patamar ainda inédito na capital.
Segundo Marcus Belchior, chefe do Centro de Operações da Prefeitura (COR), a medição do índice só será confirmada caso a umidade do ar esteja baixa, o que pode causar estresse térmico severo.
Apesar do alerta, o prefeito Eduardo Paes descartou qualquer alteração na programação oficial do carnaval. Segundo ele, a prefeitura está preparada para oferecer pontos de resfriamento à população e reforçar os atendimentos médicos para casos de desidratação e insolação.
— O Rio é a cidade dos espaços públicos e das praias, isso não vai mudar. Mas sabemos que o calor pode ser perigoso. Estamos alertando os foliões para se hidratarem, se protegerem do sol e tomarem cuidados básicos — afirmou Paes.
Eventos cancelados e mudanças no carnaval
Embora a prefeitura mantenha a agenda oficial, alguns eventos já foram cancelados por precaução. A escola de samba Beija-Flor de Nilópolis, por exemplo, suspendeu seu ensaio técnico na Praia de Copacabana, alegando preocupação com a saúde de seus integrantes.
“Estamos a poucos dias do nosso grande desfile e proteger nossa comunidade é nossa maior responsabilidade”, justificou o presidente da escola, Almir Reis.
Paes também garantiu que a prefeitura não vai interferir nos blocos de rua, deixando a decisão para os organizadores.
— Nós não vamos suspender os blocos de carnaval do Rio. Quem já brincou no carnaval sabe que a sensação térmica sempre foi altíssima. Mas recomendamos hidratação e cuidados para minimizar os riscos à saúde — reforçou.
Recorde global e aumento nos atendimentos médicos
O calor extremo não é um fenômeno isolado. Dados do Serviço de Mudança Climática Copernicus indicam que janeiro de 2025 foi o mais quente da história, com temperatura média mundial de 13,23°C, superando em 0,79°C a média do período entre 1991 e 2020.
Na capital fluminense, 27 dos primeiros 45 dias do ano registraram temperaturas acima do nível 1 de calor (NC1), considerado seguro. A tendência é que fevereiro também seja um dos meses mais secos já registrados, com acumulado de chuvas de apenas 0,5mm até agora.
Esse cenário já reflete no aumento de casos de desidratação. Segundo o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, apenas em janeiro, a rede pública do Rio atendeu mais de 3 mil pacientes com o problema.
— Os grupos mais vulneráveis são crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas. Muitos bebês chegam às unidades de saúde desidratados, em alguns casos, por excesso de roupa. Precisamos estar atentos — alertou Soranz.
Cuidados essenciais no calor extremo
Diante da onda de calor, especialistas reforçam medidas preventivas:
✔️ Hidratação: Pessoas com 60kg devem beber ao menos 2 litros de água por dia. Quem pesa mais de 100kg precisa de 3 a 3,5 litros.
✔️ Filtro solar: Usar apenas protetores certificados pela Anvisa para evitar queimaduras.
✔️ Evitar atividades físicas ao ar livre nos horários de pico do calor.
✔️ Cuidado com animais de estimação: Proteger as patas do chão quente e oferecer bastante água.
✔️ Atenção a sinais de insolação: Náusea, tontura, pele avermelhada e febre podem indicar golpe de calor, uma emergência médica.
O calor extremo coincide com o auge do carnaval de rua. Blocos como o Bloqueen, que se apresentou no Aterro do Flamengo neste domingo, estão buscando formas de aliviar o desconforto.
A foliã Fernanda de Oliveira contou que mudou sua programação para evitar os horários mais quentes:
— Eu queria muito ter ido ao bloco Desliga da Justiça, mas o calor do Centro me fez desistir. Agora, estou preferindo blocos de manhã e na Zona Sul, onde há mais sombra — disse.
O ambulante Vitor Santos, que trabalha vendendo bebidas nos blocos, confirmou que a água tem sido o item mais procurado pelos foliões.
— Aqui no Bloqueen, a bebida mais vendida é água. Com esse calor, mesmo quem gosta de cerveja acaba optando por se hidratar — relatou.
Com as temperaturas elevadas e o carnaval à porta, a recomendação é clara: aproveite a festa, mas sem descuidar da saúde.

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