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Carnaval do Rio terá creche para filhos de ambulantes, mas mães pedem mais apoio

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 6 de fev.
  • 3 min de leitura

Carnaval:


Jornadas exaustivas que começam na madrugada e terminam no dia seguinte, sob um calor intenso e em meio a milhares de foliões. Esse é o cenário para muitos ambulantes que trabalham no Carnaval do Rio de Janeiro para garantir o sustento da família. Para as mães que não contam com rede de apoio, a realidade é ainda mais difícil: muitas precisam levar seus filhos pequenos para os blocos.


A falta de um local seguro para deixar as crianças sempre foi uma demanda das trabalhadoras. Em 2024, uma iniciativa começou a atender essa necessidade, mas em escala limitada. Neste ano, o serviço será ampliado. A Secretaria Municipal de Assistência Social do Rio (SMAS) oferecerá um espaço de convivência para filhos de ambulantes de até 12 anos durante os ensaios técnicos e desfiles na Marquês de Sapucaí. O atendimento ocorrerá no Espaço de Desenvolvimento Infantil (EDI) Rachel de Queiroz, na Avenida Presidente Vargas, entre 18h e 6h.


O número de vagas por noite dobrou em relação a 2024, chegando a 50. O serviço funcionará entre 25 de janeiro e 8 de março, oferecendo alimentação, atividades recreativas e culturais. Além de atender as famílias que buscarem o espaço, equipes de assistentes sociais e educadores farão busca ativa para identificar mães que precisem do serviço.


Mães pedem mais apoio


Apesar do avanço, trabalhadoras afirmam que a iniciativa ainda é insuficiente. Elas reivindicam que o serviço seja expandido para atender outras regiões da cidade e funcione durante o pré-carnaval e o dia todo. Além disso, defendem que o atendimento seja oferecido em outros grandes eventos no Rio de Janeiro.


“A gente sai de casa 5h30, 6h da manhã, para comprar bebida e acompanhar o primeiro bloco. Depois, vai pulando de um bloco para outro, até chegar em casa de madrugada”, explica Carol Alves, coordenadora do coletivo Elas por Elas Providência, que luta pelos direitos de mulheres trabalhadoras informais.


O coletivo se inspirou em iniciativas de Salvador, onde há espaços seguros para os filhos de ambulantes no carnaval. Desde 2023, Carol e outras mulheres pressionam por algo semelhante no Rio. “É triste ver uma mãe tentando levar alimento para casa, enfrentando uma tripla jornada na rua, e com a criança junto, no calor de 40 graus”, lamenta.


“Sem ambulante, o carnaval não anda”


O serviço começou a ser oferecido em 2024 graças a uma parceria entre a 1ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso da Capital, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e a Secretaria Municipal de Assistência Social. Neste ano, a campanha “Creche no Carnaval” ganhou força, com apoio do Movimento dos Trabalhadores sem Direito.


“Os ambulantes são essenciais no carnaval e em grandes eventos. Sem ambulante, a festa não acontece. Nós somos os garçons das grandes festas”, ressalta Carol Alves.


“Meu trabalho é correria”


Taís Lopes, ambulante há oito anos, sente na pele essa realidade. Desde que sua filha Ágatha nasceu, há três anos, ela a leva junto para o trabalho. “Eu compro bebida com ela, vendo com ela, faço tudo com ela”, conta.


A rotina é cansativa para ambas. “Ela dorme, eu a acordo na hora de sair e falo: ‘Vamos embora, filha’. Não tenho com quem deixar. Se tivesse uma rede de apoio, seria diferente”, desabafa.


Mãe solo também de Kayky, de 15 anos, Taís enfrentou ainda mais dificuldades quando o pai das crianças os abandonou. Hoje, precisa levar a filha mais nova para onde vai. “Ela cansa, não tem um lugar para tomar banho ou descansar. Se cansa muito, coloco em cima da carroça e sigo puxando”, relata.


Saber que poderá contar com um espaço seguro neste carnaval trouxe alívio. “Estou muito feliz porque vamos poder trabalhar com mais tranquilidade. No carnaval, tem muita gente maldosa, e sempre fiquei preocupada com minha filha no meio da multidão”, diz Taís.


Enquanto comemoram a ampliação do serviço, as ambulantes seguem mobilizadas para que a assistência seja ampliada e se torne uma política permanente para eventos na cidade.


Foto Agência Brasil


 
 
 

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