Carney rechaça proposta de Trump sobre anexação do Canadá: “Nunca estaremos à venda”
- Marcus Modesto
- 6 de mai.
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Em sua primeira reunião presencial com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o novo primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, rejeitou publicamente qualquer possibilidade de anexação de seu país ao território americano. A declaração foi feita nesta terça-feira (6), durante encontro na Casa Branca, conforme noticiado pelo The Washington Post e reproduzido no Brasil pela Folha de S.Paulo.
A polêmica teve início quando Trump, em tom aparentemente provocativo, sugeriu novamente que a integração territorial entre os EUA e o Canadá seria uma medida “lógica” e “esteticamente agradável” ao se observar o mapa da América do Norte. O presidente americano afirmou que uma unificação traria benefícios fiscais aos canadenses e completou: “Ficaria muito bonito. Eles poderiam pagar menos impostos.”
A resposta de Carney foi firme: “O Canadá não está à venda. Nunca estará à venda.” Diante da negativa, Trump retrucou: “Nunca diga nunca. Já tive muitas, muitas coisas que não eram possíveis, e acabaram se tornando possíveis.”
Pouco antes da chegada de Carney a Washington, Trump havia intensificado o tom contra o país vizinho em sua rede social, Truth Social. No post, acusou o Canadá de receber benefícios desproporcionais dos Estados Unidos: “Por que os EUA estão subsidiando o Canadá em US$ 200 bilhões por ano, além de oferecer proteção militar gratuita e muitas outras coisas?”, escreveu. “Não precisamos dos carros deles, não precisamos da energia deles, não precisamos da madeira deles, não precisamos de NADA do que eles têm, exceto da amizade deles, que esperamos manter para sempre”, concluiu.
Apesar da retórica inflamada, Trump adotou um discurso mais moderado no Salão Oval, chamando Carney de “uma pessoa muito talentosa” e elogiando a escolha dos canadenses nas urnas. Mark Carney, do Partido Liberal, assumiu o cargo no dia 28 de abril, sucedendo Justin Trudeau após vencer as eleições contra o Partido Conservador.
Desde sua posse em 20 de janeiro, Trump tem mantido uma postura combativa em relação ao Canadá, um aliado histórico dos Estados Unidos. Além de insinuar repetidamente que o país vizinho poderia ser o “51º estado americano”, impôs tarifas de 25% sobre diversos produtos canadenses. Justificou a medida como parte de uma política para pressionar o governo canadense a intensificar o combate ao tráfico de fentanil rumo aos EUA.
Após a vitória eleitoral de Carney, os dois líderes haviam tido uma primeira conversa por telefone, que, segundo assessores do premiê canadense, foi “muito construtiva”. No entanto, o encontro desta terça revelou tensões latentes na relação bilateral e consolidou a posição do novo líder canadense como defensor da soberania nacional frente às investidas do presidente norte-americano.

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