Carreira militar de Mauro Cid fica oficialmente travada após decisão do STF
- Marcus Modesto
- 26 de mar.
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A carreira do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), foi oficialmente bloqueada após a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) manter como réus o ex-presidente e sete aliados, incluindo Cid, por envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado. A decisão, tornada pública, colocou o militar na condição de “sub judice”, impedindo sua promoção, movimentação na corporação e transferência para a reserva remunerada.
Cid já estava afastado de funções desde o avanço das investigações e havia sido preterido em promoções pela Comissão de Promoção de Oficiais. Agora, com a decisão do STF, seu futuro na carreira militar se torna ainda mais incerto. Fontes das Forças Armadas indicam que o procedimento administrativo interno para formalizar sua situação será iniciado em breve.
Mesmo tendo firmado um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR), militares ouvidos pela imprensa avaliam que a possibilidade de evitar uma condenação é remota. Além disso, Cid pode enfrentar julgamento na Justiça Militar, já que, no acordo de colaboração, solicitou perdão judicial ou pena de até dois anos para evitar essa instância. A estratégia, no entanto, pode não funcionar.
A alta cúpula das Forças Armadas já teria chegado a um consenso sobre a impossibilidade de Cid permanecer na ativa. Seu afastamento ocorreu ainda em 2023, com a posse do comandante do Exército, general Tomás Paiva, que congelou sua nomeação para o 1º Batalhão de Ações de Comandos, em Goiânia.
Nos bastidores, Paiva tem demonstrado preocupação com os impactos da decisão do STF na imagem da instituição, especialmente por envolver militares da reserva de alta patente, como os generais Walter Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira. O comandante do Exército avalia que o trabalho de reconstrução da confiança da sociedade na instituição será longo, e que a estratégia das defesas individuais dos acusados evidencia uma ruptura no “espírito de corpo” dentro da caserna.

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