China condena ataques dos EUA ao Irã e alerta para risco de colapso no Oriente Médio
- Marcus Modesto
- 23 de jun.
- 3 min de leitura
Durante reunião emergencial do Conselho de Segurança da ONU neste domingo (22), a China condenou duramente os bombardeios realizados pelos Estados Unidos contra instalações nucleares iranianas e alertou para o risco de uma escalada descontrolada no Oriente Médio. O encontro foi convocado após os ataques norte-americanos ampliarem drasticamente a tensão regional, já elevada desde o ataque-surpresa de Israel ao Irã no último dia 13.
O embaixador chinês junto à ONU, Fu Cong, classificou as ações militares dos EUA como uma “clara violação do direito internacional, da soberania e da integridade territorial do Irã”, e afirmou que os bombardeios representam um sério revés para o regime internacional de não proliferação nuclear.
— Os ataques exacerbaram as tensões no Oriente Médio e deram um duro golpe à estabilidade regional. A paz não pode ser alcançada pela força. É fundamental retomar o caminho do diálogo — declarou o diplomata.
A China defendeu o cessar-fogo imediato por parte de todos os envolvidos no conflito, com menções diretas a Israel. Para Pequim, é urgente conter a propagação da guerra e proteger os civis afetados.
— As vítimas de todos os conflitos são os inocentes. A China está profundamente entristecida com a quantidade de mortos — afirmou Fu Cong.
Junto com Rússia e Paquistão, a China apresentou um projeto de resolução exigindo o fim imediato das hostilidades, o respeito ao direito internacional humanitário e a retomada das negociações diplomáticas em torno do programa nuclear iraniano. Fu também cobrou que o próprio Conselho de Segurança “cumpra seu papel fundamental na preservação da paz global” e não se mantenha inerte diante da crise.
Ataques e tensões nucleares
No sábado (21), forças norte-americanas atacaram três centros nucleares no Irã: Fordow, Natanz e Esfahan. Os EUA justificaram os ataques como resposta à suposta iminência de uma arma nuclear iraniana, tese que tem sido reiteradamente defendida por Israel.
Teerã, por sua vez, alega que seu programa nuclear tem fins exclusivamente pacíficos e que estava em processo de negociação com Washington para retomar os compromissos do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), do qual é signatário. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) vinha apontando falhas no cumprimento técnico por parte do Irã, mas sem evidências de que o país estivesse fabricando armamentos nucleares.
O Irã acusa a AIEA de agir com viés político sob influência das potências ocidentais, especialmente dos Estados Unidos, França e Reino Unido, que seguem alinhados com Israel na escalada contra Teerã.
Israel, Irã e o duplo padrão nuclear
Israel, que não reconhece o TNP e nunca confirmou oficialmente possuir armas atômicas, é apontado por diversas fontes ao longo das últimas décadas como detentor de um arsenal estimado em cerca de 90 ogivas nucleares. O país considera inaceitável a possibilidade de um Irã nuclearizado e tem pressionado constantemente por ações preventivas.
Apesar de um relatório da inteligência americana, publicado em março, afirmar que o Irã não está desenvolvendo armas nucleares, o ex-presidente Donald Trump passou a contestar publicamente essa informação. A nova ofensiva militar dos EUA reabre o debate sobre a credibilidade dos relatórios de inteligência e o uso seletivo de justificativas para intervenções armadas.
Com o Oriente Médio à beira de um conflito regional de proporções imprevisíveis, cresce a pressão internacional para que o Conselho de Segurança da ONU atue de forma efetiva e impeça o colapso diplomático nas negociações nucleares e de paz.

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