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China reage com firmeza à nova escalada tarifária imposta por Donald Trump

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 7 de abr.
  • 3 min de leitura

Pequim endurece o tom e adota contramedidas econômicas, sinalizando que está pronta para uma guerra comercial prolongada com os EUA.


Enquanto diversas nações buscam alternativas diplomáticas para lidar com o aumento do protecionismo norte-americano, a China optou por uma resposta direta e agressiva à mais recente investida comercial do presidente dos EUA, Donald Trump. Apenas 48 horas após o anúncio de uma nova tarifa de 34% sobre produtos chineses, Pequim respondeu com medidas equivalentes, mirando empresas e setores estratégicos dos Estados Unidos.


Com a retaliação imediata, o governo chinês enviou um recado claro tanto ao seu público interno quanto à comunidade internacional: a China está preparada para resistir à pressão e sair fortalecida ao final do confronto comercial.


A ofensiva midiática veio acompanhada de editoriais incisivos na imprensa estatal. O People’s Daily, jornal oficial do Partido Comunista, afirmou no domingo (6) que, embora as tarifas causem impactos, “o céu não cairá”. Um comentário publicado na mesma linha reforçou a resiliência chinesa: “Desde que os EUA iniciaram a guerra comercial em 2017, temos continuado a progredir. Quanto mais pressão recebemos, mais fortes nos tornamos”.


EUA elevam tarifas e aprofundam tensão


A nova rodada de tarifas anunciada por Trump eleva para mais de 54% o imposto total sobre produtos chineses importados pelos EUA. Em resposta, além das tarifas equivalentes de 34%, a China impôs controles sobre a exportação de minerais de terras raras — essenciais para diversas indústrias tecnológicas — e aplicou restrições comerciais específicas a empresas norte-americanas.


Segundo analistas, essas medidas refletem a estratégia do presidente Xi Jinping de não ceder ao que considera uma tentativa de “bullying” econômico por parte dos EUA. Em vez disso, a China tenta se posicionar como um polo de estabilidade no comércio global.


“Os EUA estão cometendo um erro que pode prejudicar sua própria posição global”, avaliou Ryan Hass, da Brookings Institution, após visitar a China e se reunir com autoridades e empresários locais.


Disputa por protagonismo na nova ordem econômica


Com a escalada tarifária, autoridades chinesas intensificaram os esforços para se apresentar como alternativa confiável ao modelo norte-americano. “Estamos prontos para competir com os EUA na redefinição do novo sistema de comércio global”, afirmou Ju Jiandong, da Universidade de Tsinghua.


O governo chinês também tem ampliado o diálogo com outras potências afetadas por tarifas norte-americanas, como Japão, Coreia do Sul e União Europeia, todas recentemente alvo de tributos entre 20% e 25%.


Impacto regional e reação global


Em Cingapura, país tradicionalmente diplomático, o primeiro-ministro Lawrence Wong classificou o movimento dos EUA como o fim de uma era: “A era da globalização baseada em regras e do livre comércio acabou. Estamos entrando em uma nova fase, mais arbitrária, protecionista e perigosa”.


Economias do Sudeste Asiático, que servem como centros de manufatura para empresas ocidentais, também sofrem os efeitos da instabilidade, embora poucas adotem uma postura confrontadora diante de Washington.


Desafios internos e medidas econômicas da China


Mesmo preparada para a disputa, a China enfrenta seus próprios desafios. A crise no tsetor imobiliário, o endividamento de governos locais e os reflexos da pandemia ainda afetam o crescimento econômico. Para mitigar o impacto das tarifas, Pequim anunciou políticas de incentivo ao consumo interno e promete introduzir novas medidas conforme necessário.


O banco Goldman Sachs estima que a nova tarifa pode reduzir o PIB chinês em até 0,7 ponto percentual este ano. Ainda assim, a meta de crescimento de 5% está mantida, com o governo prometendo “esforços extraordinários” para alcançá-la.


A retaliação acelerada e agressiva por parte da China, no entanto, aumenta o risco de uma espiral de confrontos tarifários, alertam os analistas. Com os dois gigantes em rota de colisão, o comércio global pode estar diante de uma reconfiguração histórica — com impactos ainda incalculáveis.



 
 
 

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