Clima de medo paralisa o Rio após megaoperação; universidades e empresas suspendem atividades
- Marcus Modesto
- 29 de out.
- 2 min de leitura
O Rio de Janeiro amanheceu nesta quarta-feira (29) sob um clima de incerteza e apreensão, reflexo direto da megaoperação policial realizada nos complexos da Penha e do Alemão na véspera. A ação, considerada a mais letal da história do estado, com 64 mortos, não apenas escancarou a força do confronto armado nas comunidades, mas também revelou — mais uma vez — a fragilidade da segurança pública fluminense.
Com o transporte ainda irregular e tiroteios relatados em diversos pontos da cidade, universidades, escolas e empresas decidiram suspender atividades, evidenciando o impacto da operação na rotina de milhares de pessoas.
Universidades paralisadas
A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) suspendeu todas as atividades acadêmicas e administrativas no turno da manhã, citando a dificuldade de locomoção e o risco à integridade de alunos e servidores. A UFRJ seguiu o mesmo caminho, mantendo apenas serviços essenciais e priorizando a segurança da comunidade universitária.
Na Unirio, as atividades presenciais foram suspensas durante todo o dia, com a instituição monitorando o cenário para decidir quando retomará as aulas. Em Niterói, a Universidade Federal Fluminense (UFF) também optou pela suspensão total nesta quarta-feira, justificando a medida como necessária diante da instabilidade e das dificuldades no transporte intermunicipal.
Já a PUC-Rio, na Gávea, manteve o calendário acadêmico, mas migrou as aulas para o formato remoto, como forma de garantir a continuidade das atividades sem expor alunos e professores ao risco.
Um estado paralisado pelo medo
As decisões de instituições públicas e privadas evidenciam um Rio que, mesmo após a operação mais extensa e cara dos últimos anos, não consegue garantir o básico: o direito de ir e vir com segurança. A mobilidade urbana segue comprometida, e o temor de novos confrontos mantém a população em alerta.
Enquanto o governo estadual fala em “vitória contra o crime organizado”, o cotidiano da cidade segue tomado pelo medo, e a pergunta permanece: de que adianta a força se o cidadão continua se escondendo em casa?
O Estado mostra poder de fogo, mas não mostra controle.
E o Rio, mais uma vez, paga o preço dessa guerra sem fim.




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