top of page
Buscar

Collor volta à prisão quase 30 anos após impeachment: símbolo do colapso político brasileiro

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 25 de abr.
  • 2 min de leitura

A prisão do ex-presidente Fernando Collor de Mello, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), marca um novo capítulo na trajetória de um dos personagens mais controversos da história recente do Brasil. Trinta e dois anos após deixar a Presidência da República acuado por denúncias de corrupção, Collor retorna ao centro do noticiário — agora como condenado a regime fechado, por crimes ligados à Operação Lava Jato.


Condenado em 2023 a oito anos e dez meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o ex-presidente foi detido na madrugada desta sexta-feira (25) em Maceió, Alagoas. A decisão de Moraes, tomada após audiência de custódia, atendeu parcialmente a um pedido do próprio Collor: ele permanecerá na capital alagoana, em cela individual na ala especial de um presídio estadual. A defesa, no entanto, ainda pleiteia a conversão da pena para prisão domiciliar, alegando problemas de saúde, incluindo Parkinson, apneia do sono grave e transtorno bipolar.


O caso remonta a um escândalo envolvendo a BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, entre os anos de 2010 e 2014. Segundo a acusação da Procuradoria-Geral da República, Collor teria usado sua influência política para indicar diretores e beneficiar empresas em troca de propinas que somam ao menos R$ 20 milhões, valor reconhecido pelo STF no julgamento. Parte dos recursos, conforme revelado por delatores como Alberto Youssef e Ricardo Pessoa, teria sido usada para adquirir bens de luxo por meio de empresas de fachada — entre eles, carros como Lamborghini, Ferrari e Porsche.


Mesmo com a condenação, a defesa do ex-presidente insiste que ele não possui condições clínicas para cumprir a pena em regime fechado. O ministro Moraes solicitou à direção do presídio que informe, em 24 horas, se há estrutura para prestar assistência médica adequada. A decisão sobre o pedido de prisão domiciliar será tomada após parecer da Procuradoria-Geral da República.


A imagem de Collor sendo levado pela Polícia Federal é carregada de simbolismo: o primeiro presidente eleito por voto direto após a redemocratização, afastado em 1992 em meio a protestos populares, agora cumpre pena imposta pela mais alta corte do país. O episódio expõe a lenta, porém contínua, movimentação da Justiça brasileira em direção à responsabilização de figuras do alto escalão político — ainda que tardia.


A pergunta que resta é: o sistema político que um dia permitiu a ascensão meteórica de Collor aprendeu com seus erros?


 
 
 

Commentaires


bottom of page