Com gritos de ordem, professores retomam greve em Barra Mansa após recuo do prefeito
- Marcus Modesto
- 11 de jun.
- 2 min de leitura
Categoria denuncia traição e cobra respeito ao acordo firmado com a Prefeitura
A greve dos profissionais da educação de Barra Mansa (RJ) foi retomada nesta terça-feira (11) com protestos em frente à sede do governo municipal. Com palavras de ordem como “Prefeito sem palavra, educação abandonada”, os trabalhadores acusam o prefeito Luiz Furlani de trair um acordo construído após meses de negociação com o SEPE, sindicato que representa a categoria.
A principal queixa é a reviravolta do Executivo. Segundo o SEPE, o próprio prefeito assinou no dia 30 de maio uma mensagem destinada à Câmara Municipal com a proposta discutida e aceita em três reuniões com o sindicato. No entanto, apenas três dias depois, Furlani enviou novo documento solicitando que o projeto fosse retirado de pauta — uma manobra vista como traição pela categoria.
O acordo previa o reconhecimento da remuneração de horas trabalhadas fora da carga horária regular e o estudo de um reajuste para servidores que recebem R$ 1.320, valor abaixo do salário mínimo nacional. A reversão do compromisso levou à convocação de uma assembleia extraordinária em 5 de junho, na qual os educadores decidiram pelo retorno imediato da paralisação.
Enquanto Barra Mansa ignora as reivindicações dos profissionais, cidades vizinhas avançam. Em Piraí, a prefeitura concedeu recentemente um aumento salarial aos professores, reconhecendo a defasagem acumulada e valorizando o trabalho dos educadores da rede municipal. A comparação expõe ainda mais o distanciamento da gestão Furlani com relação à realidade da educação pública.
O impacto é amplo: milhares de estudantes seguem sem aulas, e a rede municipal de ensino — já fragilizada pela falta de professores e evasão escolar — mergulha ainda mais em um cenário de incerteza. Dados do governo federal apontam que 30 mil alunos já deixaram as escolas municipais de Barra Mansa nos últimos anos.
A movimentação continua nesta quarta-feira (12) com duas ações programadas:
• 9h: Caminhada com concentração no Restaurante Popular
• 14h: Panfletagem com faixas e cartazes na Praça da Matriz
À noite, uma nova assembleia da categoria decidirá os próximos passos, inclusive a continuidade da greve.
Apesar da mobilização crescente, até o momento a Prefeitura não se pronunciou oficialmente. Barra Mansa permanece como o único município da região com greve no setor da educação municipal.
Enquanto isso, cresce a insatisfação popular diante da falta de planejamento da atual gestão. Furlani, que foi vereador por vários mandatos desde 2013 e ocupou o cargo de secretário de governo e ordem pública, assumiu a prefeitura sem apresentar um plano claro para a área educacional — um erro que agora cobra seu preço nas ruas.

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