Comissão é criada às pressas em Barra Mansa após indício de rombo milionário na folha de pagamento

A Prefeitura de Barra Mansa instaurou uma Comissão de Sindicância Investigativa para apurar possíveis irregularidades financeiras na folha de pagamento de servidores ativos. A medida, tomada por meio da Portaria nº 021/2025, foi publicada discretamente no Diário Oficial do município no dia 4 de abril — e chama atenção pelo potencial de um rombo que pode ultrapassar R$ 1,8 milhão por ano.

Segundo o próprio documento, assinado pelo secretário municipal de Finanças, Leonardo Ramos de Oliveira, a investigação teve início após a identificação de uma discrepância gritante entre os valores registrados no Relatório de Impacto Orçamentário nº 004/2024 e os pagamentos efetivamente realizados.

Enquanto o relatório previa uma média mensal de R$ 71.490,28, o valor real da folha atinge R$ 223.719,00 — uma diferença de mais de R$ 152 mil por mês. A origem desse salto de gastos ainda não foi esclarecida, mas já levanta sérias dúvidas sobre o controle interno da atual gestão.

O caso revela, no mínimo, uma falha grave na transparência e no acompanhamento dos gastos públicos. A comissão — criada apenas após a discrepância vir à tona — terá 30 dias para levantar documentos, ouvir testemunhas e apresentar um relatório conclusivo. O prazo pode ser prorrogado, mas não há garantias de que a população será devidamente informada sobre os resultados.

A portaria ainda determina que os trabalhos sejam conduzidos com sigilo, o que, na prática, pode dificultar o acompanhamento da sociedade e da imprensa sobre o andamento das investigações — algo que contraria o discurso de transparência frequentemente adotado por gestões municipais.

Enquanto isso, resta à população acompanhar de perto mais um capítulo de possível má gestão do dinheiro público em Barra Mansa — desta vez, envolvendo diretamente a folha salarial, uma das áreas mais sensíveis das contas públicas.