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Condenação de Pablo Marçal expõe contradições e abusos na política digital

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 22 de fev.
  • 2 min de leitura

A condenação do influenciador digital, empresário e ex-candidato à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal, por abuso de poder político e econômico, uso indevido de meios de comunicação social e captação ilícita de recursos não deveria surpreender ninguém que acompanha de perto a transformação da política em espetáculo de autopromoção. A decisão da Justiça Eleitoral, publicada nesta sexta-feira (21), impõe a ele oito anos de inelegibilidade — uma penalidade que, na prática, escancara o preço das ambições políticas atreladas ao jogo de influência nas redes sociais.


O juiz Antonio Maria Patiño Zorz, da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, foi claro ao apontar o envolvimento direto e pessoal de Marçal em práticas ilícitas, que incluíam a venda de apoio público em troca de doações para sua própria campanha. A proposta era simples e, ao mesmo tempo, escandalosa: um vídeo de apoio político em troca de R$ 5 mil, desde que o candidato “beneficiado” não estivesse em partidos de esquerda. Trata-se de um flagrante desrespeito às regras democráticas e um exemplo claro de como a influência digital pode ser pervertida para interesses pessoais.


A tentativa de transformar engajamento em moeda política não é apenas antiética — é uma afronta às regras eleitorais e uma distorção perigosa da função das redes sociais no debate público. A condenação não é apenas de Marçal, mas de um modelo de campanha que trata a política como um negócio, onde quem paga mais leva visibilidade, independentemente da qualidade das propostas ou do comprometimento com o eleitor.


Além disso, o fato de a ação ter sido movida por Guilherme Boulos, ex-candidato à prefeitura pelo campo progressista, revela um embate entre visões opostas de política: de um lado, o marketing vazio e os favores pagos; do outro, a tentativa de manter a integridade no processo democrático, por mais difícil que isso seja no cenário atual.


O silêncio da assessoria de Pablo Marçal até o momento é tão simbólico quanto suas atitudes durante a campanha: uma tentativa de minimizar as consequências de seus atos, talvez apostando no velho jogo da impunidade. Resta saber se o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) manterá a condenação ou se a influência virtual de Marçal continuará pesando mais do que as leis.


Independentemente do desfecho, o caso deixa um recado claro: transformar a política em negócio pode ser lucrativo por um tempo, mas, eventualmente, a conta chega — e, dessa vez, veio com juros.



 
 
 

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