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Corrida da destruição: evento esportivo atropela legislação e mata a Mata Atlântica em Resende

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 16 de mai.
  • 2 min de leitura

O que deveria ser uma celebração do esporte e da natureza virou caso de polícia ambiental. A corrida Transmantiqueira Ultra Trail Agulhas Negras (TUTAN), realizada em Resende, transformou parte do Parque Estadual da Pedra Selada em palco de crime ambiental. Sem qualquer autorização do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), a organização do evento não apenas ignorou a legislação, como promoveu o desmatamento ilegal de mais de 800 metros de trilha em área de preservação, afetando diretamente a fauna e a flora da Mata Atlântica, um dos biomas mais ameaçados do planeta.


A alegada negligência não foi pequena. Técnicos do Inea identificaram abertura de trilhas em áreas de alta declividade, com impactos como compactação e erosão do solo, interrupção da drenagem natural e, o mais grave, a destruição de espécies como a Palmeira Jussara, essencial para o equilíbrio ecológico local. O desrespeito à biodiversidade e à legislação ambiental é gritante e demonstra que, sob a desculpa do turismo esportivo e da promoção da região, interesses econômicos seguem avançando sobre o que ainda resta de floresta nativa.


O evento, promovido sem transparência nem diálogo com os órgãos responsáveis, escancara um problema recorrente: o uso indevido de espaços protegidos para atividades comerciais travestidas de lazer ou esporte. A Mata Atlântica não é pista de corrida. É um patrimônio natural insubstituível, que não pode ser rifado em nome de likes nas redes sociais ou medalhas em provas ilegais.


Ainda que o Inea tenha agido com celeridade, impondo autuações e prometendo multas que podem chegar a R$ 50 mil por hectare, a punição — mais do que exemplar — precisa ser pedagógica. Não basta aplicar uma multa e esperar que o estrago se regenere sozinho. O dano ambiental, especialmente em áreas sensíveis e de difícil recuperação, como as de encostas íngremes, é permanente.


É urgente que eventos com potencial de impacto ambiental sejam rigidamente fiscalizados e submetidos a critérios técnicos, não apenas a interesses comerciais. Se há algo a celebrar no episódio, é a pronta resposta da equipe técnica do Parque da Pedra Selada e o posicionamento firme do secretário Bernardo Rossi. Mas é pouco diante do tamanho da irresponsabilidade.


Desmatar a Mata Atlântica para correr é correr na contramão da vida.



 
 
 

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