Crise entre Davi Alcolumbre e ministro de Minas e Energia se intensifica em Brasília
- Marcus Modesto
- 12 de abr.
- 2 min de leitura
Presidente do Senado faz críticas contundentes a Alexandre Silveira e amplia pressão por sua saída do governo
As tensões entre o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), ganharam um novo capítulo nesta semana, marcando um dos momentos mais delicados da relação entre Legislativo e Executivo no governo Lula.
Durante um almoço político na última terça-feira (8), em Brasília, com a presença de lideranças do União Brasil e integrantes do governo, Alcolumbre fez críticas severas ao ministro e insinuou suspeitas de irregularidades, sem, no entanto, apresentar acusações específicas. Entre os presentes estavam a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), e o presidente do União Brasil, Antonio Rueda.
O encontro, inicialmente marcado para discutir o posicionamento do partido frente ao governo federal, foi dominado por duas pautas sensíveis: a permanência de Juscelino Filho no Ministério das Comunicações — após denúncia da PGR por corrupção passiva — e a ofensiva direta de Alcolumbre contra Silveira.
Fontes ouvidas pela Folha afirmam que o desconforto entre Alcolumbre e Silveira não é recente. Desde o fim de 2023, o senador vem manifestando, tanto a aliados quanto ao Palácio do Planalto, que não apoia mais a permanência do ministro no cargo.
Em resposta às declarações, a assessoria do presidente do Senado declarou que Alcolumbre “não comentará sobre falsas intrigas e especulações que não são verdadeiras”. Já a equipe de Silveira rebateu com uma nota: “O ministro não comenta fofocas. Até mesmo por entender que o presidente Davi jamais faria qualquer tipo de afirmação inverídica ou maldosa ao seu respeito”.
Silveira chegou ao comando do Ministério com apoio do PSD, sendo indicado por Alcolumbre e pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). No entanto, perdeu espaço entre os antigos padrinhos políticos ao estreitar relações diretamente com o presidente Lula e tomar decisões próprias, como nomeações em agências reguladoras. Nos bastidores, é visto hoje como um ministro da “cota pessoal” do presidente.
Segundo aliados, Alcolumbre já levou suas queixas diretamente ao presidente Lula. Em um almoço recente com o petista e com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), o senador voltou a afirmar que Silveira não conta mais com respaldo no Senado. Lula teria respondido que “um ministro só permanece no cargo se tiver respaldo político” — frase interpretada como sinal de abertura para uma possível substituição.
A tensão ficou ainda mais visível durante a viagem presidencial ao Japão e ao Vietnã, no fim de março. Segundo relatos, Silveira não trocou sequer palavras com Alcolumbre ou com Pacheco ao longo da missão internacional, reforçando o distanciamento.
Apesar do desgaste, interlocutores do Planalto avaliam que a relação direta construída por Silveira com Lula ainda sustenta sua permanência. No entanto, admitem que a pressão do presidente do Senado tem aumentado e que a possibilidade de sua saída já não é descartada dentro do governo.

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