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Crise no aço expõe fragilidade econômica do Sul Fluminense e ameaça empregos em Volta Redonda

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 4 de jun.
  • 2 min de leitura

Marcus Modesto


A crise no mercado internacional do aço acende um alerta vermelho para a economia do Sul Fluminense. A recente decisão dos Estados Unidos de elevar a tarifa sobre o aço brasileiro para 50%, somada à enxurrada de aço chinês entrando no mercado interno a preços considerados predatórios, já provoca efeitos diretos e preocupantes na principal cidade siderúrgica do país: Volta Redonda.


Nesta quarta-feira (4), a Prefeitura de Volta Redonda enviou um ofício ao presidente da República cobrando ações urgentes do Governo Federal para proteger a indústria nacional e, sobretudo, os empregos locais. A cidade, que há décadas tem sua economia atrelada à Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), sente na pele — mais uma vez — o peso da dependência de um único setor.


O prefeito não escondeu a preocupação: congelamento de contratações, revisão de investimentos e, na ponta, a ameaça real de desemprego em massa. A CSN, que tem 18% de sua receita ligada às exportações para os EUA, já sinaliza que os impactos serão inevitáveis.


Aço barato, empregos caros


O drama não é apenas uma questão de diplomacia internacional. O problema bate direto na porta dos trabalhadores, do comércio e dos serviços que giram em torno da indústria. Quando a balança comercial pesa contra a produção nacional, quem paga a conta é o cidadão — aquele que depende do salário que vem da fábrica, do posto de trabalho que sustenta famílias inteiras.


O aumento de 22% na importação de aço chinês entre janeiro e abril deste ano não é um dado qualquer. É um sinal claro de que o mercado interno está sendo inundado por produtos mais baratos, jogando por terra qualquer chance de competitividade da indústria nacional. E quando isso acontece, os efeitos não ficam restritos às planilhas empresariais — se espalham pelas ruas, pelo comércio e pelo orçamento das famílias.


Até quando o Sul Fluminense viverá refém da siderurgia?


O ofício enviado pela Prefeitura lista medidas corretas, como abertura de processos antidumping, negociação diplomática e apoio emergencial aos trabalhadores. Mas também escancara uma ferida antiga e nunca curada: a dependência quase absoluta de Volta Redonda e da região em relação à siderurgia.


Há décadas, especialistas alertam para a necessidade de diversificação econômica no Sul Fluminense. Mas, sucessivamente, governos municipais, estaduais e federais optaram pela rota mais fácil: depender da CSN, fechar os olhos para a concentração econômica e esperar que os ciclos de alta no mercado global resolvessem, temporariamente, os problemas estruturais.


Agora, o ciclo virou. E mais uma vez a corda arrebenta do lado mais fraco: o dos trabalhadores.


É preciso mais que ofícios. É preciso ação.


Não basta enviar ofícios, fazer reuniões e discursos de preocupação. O que está em jogo é o futuro de milhares de famílias em Volta Redonda e em toda a região. A crise atual é mais que um choque externo — é um retrato das escolhas feitas (ou não feitas) ao longo dos últimos anos.


O Sul Fluminense precisa, urgentemente, discutir seu modelo econômico. Depender de uma única indústria é um risco que a realidade insiste em nos lembrar — sempre da pior maneira.


 
 
 

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