CSN e o Desrespeito à Organização dos Trabalhadores
- Marcus Modesto
- 1 de abr.
- 2 min de leitura
A recente decisão da Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST), confirmando a conduta antissindical da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), escancara mais uma vez a postura autoritária da empresa no trato com seus empregados. A tentativa de suprimir qualquer iniciativa de organização independente dos trabalhadores não apenas viola direitos fundamentais, mas reforça a mentalidade arcaica da siderúrgica, que insiste em tratar sua força de trabalho como engrenagens descartáveis de sua estrutura bilionária.
A CSN demitiu 10 metalúrgicos simplesmente porque ousaram formar uma comissão para discutir melhorias nas condições de trabalho. A justificativa da empresa, de que o grupo era “inexpressivo” e “sem representatividade formal”, não se sustenta diante dos fatos: os trabalhadores atuaram como porta-vozes de seus colegas e buscaram reivindicações legítimas, como reajustes salariais e participação nos lucros. O TST reconheceu a arbitrariedade da siderúrgica e rejeitou o argumento patronal de que a dispensa não teria caráter discriminatório.
O episódio escancara um problema recorrente na CSN: a repressão sistemática a qualquer mobilização que possa questionar sua postura inflexível nas relações trabalhistas. O histórico da empresa é marcado por episódios semelhantes, nos quais trabalhadores que se organizam à margem dos interesses patronais são perseguidos, silenciados ou demitidos. O desrespeito à liberdade de organização reforça a necessidade de uma fiscalização mais rigorosa sobre a conduta da CSN, que, apesar de sua importância econômica, continua atuando com práticas que remetem ao período mais sombrio das relações de trabalho no Brasil.
Se a siderúrgica pretende realmente construir um ambiente produtivo saudável, precisa aprender a dialogar com aqueles que movem suas engrenagens. Caso contrário, continuará acumulando condenações e, mais grave ainda, fomentando um ambiente de trabalho marcado pelo medo e pela repressão. O mercado muda, as leis avançam, mas a CSN insiste em ficar para trás.

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