CSN entrega primeiro filtro contra o pó preto após anos de cobrança pública
- Marcus Modesto
- 26 de jun.
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Depois de décadas sendo cobrada pela população e pela Justiça, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) entregou, nesta terça-feira (25), o primeiro de três conjuntos de novos filtros prometidos para reduzir o “pó preto” que sufoca Volta Redonda. A entrega acontece com quatro anos de atraso em relação ao prazo original firmado no Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) nº 07/2018, o que só reforça a desconfiança pública sobre o real compromisso da empresa com a saúde da população.
A instalação do filtro na Sinterização 2 — parte da Usina Presidente Vargas (UPV) — foi apresentada em reunião com o prefeito Antônio Francisco Neto. Com capacidade de tratar 1,6 milhão de metros cúbicos de gases por hora, o novo sistema promete maior eficiência na retenção de partículas, mas a história recente da CSN ensina que promessas não bastam: o que a cidade quer — e tem direito — é ar limpo e responsabilidade ambiental efetiva.
O segundo conjunto, que atenderá à Sinterização 4, deve ser entregue até agosto. O terceiro, para a Sinterização 3, apenas no início de 2026. Até lá, Volta Redonda seguirá respirando parcialmente o mesmo ar contaminado que adoece crianças, idosos e trabalhadores da cidade há gerações.
Ainda que o avanço seja comemorado oficialmente como um “marco” e os representantes da CSN tenham repetido o discurso de sempre — sustentabilidade, modernização, compromisso —, é impossível ignorar que esse “avanço” só ocorreu depois de pressão social, ações judiciais, multas ambientais e um TAC que já deveria ter sido cumprido por completo.
A CSN segue lucrando bilhões ano após ano, enquanto a população paga a conta em forma de problemas respiratórios, danos ao patrimônio público e privado, e um ambiente urbano que se torna hostil pela negligência histórica. A instalação dos filtros não é favor, é obrigação. E, se a cidade tivesse sido respeitada desde o início, esse problema já estaria superado há muito tempo.
O que Volta Redonda espera agora é vigilância contínua, fiscalização rigorosa e, sobretudo, que o cronograma não vire mais uma promessa empurrada com a barriga. O filtro chegou — mas tardiamente. Que os próximos não venham pela metade, nem com mais desculpas.
Porque respirar não é luxo. É direito. E a CSN tem dívida com essa cidade.
Foto Divulgação




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