Datafolha aponta Lula em recuperação, enquanto direita fragmentada busca rumo para 2026
- Marcus Modesto
- 3 de ago.
- 2 min de leitura
A nova pesquisa Datafolha, divulgada neste sábado (2), revela um movimento de recuperação eleitoral para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), apesar da estagnação na avaliação do seu governo. Com 39% das intenções de voto no primeiro turno, Lula aparece isolado na liderança em todos os cenários testados para a eleição de 2026 — inclusive à frente de seus principais adversários bolsonaristas, como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seus familiares e aliados diretos.
A pesquisa, feita entre os dias 29 e 30 de julho com 2.004 eleitores em 130 municípios, mostra Lula ampliando sua vantagem sobre Bolsonaro para cinco pontos percentuais (39% a 33%) — o dobro do que foi registrado no levantamento anterior. Mesmo inelegível, Bolsonaro segue figurando nos cenários, repetindo a estratégia usada com Lula em 2018, quando o petista era mantido como referência eleitoral mesmo estando preso.
Contra os nomes da chamada “família Bolsonaro”, Lula também lidera com folga. Bate Eduardo Bolsonaro (39% a 20%), Flávio Bolsonaro (40% a 18%) e Michelle Bolsonaro (39% a 24%). Frente ao governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos), a diferença permanece confortável: 38% a 21%.
No segundo turno, Lula rompe o empate técnico com Bolsonaro e agora venceria por 47% a 43%. Também supera Tarcísio (45% a 41%), Michelle (48% a 40%), Eduardo (49% a 37%) e Flávio (48% a 37%). Em todos os cenários, o petista se mantém como a figura mais consolidada no cenário nacional, mesmo diante de uma base social dividida e críticas constantes à condução econômica do governo.
A ausência de Bolsonaro, no entanto, escancara a falta de unidade da direita. Tarcísio aparece como o nome mais competitivo, vencendo Fernando Haddad por 43% a 37% e empatando tecnicamente com Geraldo Alckmin (40% a 38%). Outro nome que começa a emergir fora do círculo bolsonarista é Ratinho Jr. (PSD), governador do Paraná, que aparece com até 14% nas simulações — um desempenho considerado promissor entre os nomes de fora da polarização extrema.
Mas a rejeição segue sendo o calcanhar de aquiles de ambos os principais polos políticos. Lula aparece com 47% de rejeição, Bolsonaro com 44%. Michelle, Eduardo e Flávio Bolsonaro oscilam entre 36% e 38%, enquanto nomes menos expostos como Tarcísio (17%), Ratinho Jr. (21%) e Romeu Zema (22%) enfrentam resistência significativamente menor.
O cenário para 2026 ainda está em aberto, mas a pesquisa do Datafolha reforça dois movimentos principais: de um lado, a estagnação da direita tradicional, incapaz de definir uma nova liderança sólida no vácuo deixado por Bolsonaro; de outro, a resiliência do campo lulista, que, mesmo desgastado, consegue manter o protagonismo eleitoral em meio a crises internacionais, tarifas americanas e perda de apoio entre setores da classe média.
A disputa será decidida, mais uma vez, por um eleitorado cada vez mais descrente, insatisfeito e polarizado — e ainda sem um projeto de país claro vindo de nenhum dos lados.




Comentários