Denúncia de Racismo Religioso: Vitor Belfort e Joana Prado Sob Investigação por Declarações Contra Religiões de Matriz Africana
- Marcus Modesto
- 27 de fev.
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O deputado estadual Yuri Moura (Psol) protocolou, nesta terça-feira (26), uma representação no Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), solicitando a investigação do lutador Vitor Belfort e sua esposa, Joana Prado, por suposto racismo religioso. A denúncia surge após a divulgação de um vídeo nas redes sociais, onde o casal faz declarações ofensivas sobre o Carnaval e as religiões de matriz africana, em especial o Candomblé e a Umbanda. A postagem gerou reações, incluindo do historiador Luiz Antônio Simas, e reacendeu o debate sobre intolerância religiosa no Brasil.
No vídeo em questão, Belfort e Prado associam o Carnaval a um “culto aos orixás” e à “invocação de demônios”, descrevendo a festa como algo que “envolve muito a cultura da macumba” e que promove tudo o que seria “contrário à vontade de Deus”. Essas falas foram interpretadas como um reforço a estereótipos negativos e preconceituosos, afetando diretamente as comunidades religiosas afro-brasileiras.
Em sua representação, o deputado Yuri Moura afirmou que as declarações do casal não podem ser consideradas apenas uma expressão de opinião, mas sim como um ato de racismo religioso. “Estamos falando de discriminação e perseguição histórica contra as religiões de matriz africana”, declarou Moura, destacando a importância de responsabilizar os envolvidos para que a intolerância religiosa não seja tolerada.
A denúncia de racismo religioso, especialmente contra as religiões afro-brasileiras, segue em um contexto alarmante de aumento de violência e discriminação. De acordo com dados da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (Renafro), 78% das comunidades de terreiros já sofreram algum tipo de agressão motivada por intolerância religiosa. Além disso, os registros do Disque 100 apontam um crescimento de 80% nas denúncias de intolerância religiosa em 2023, com os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia sendo os mais afetados.
Caso o MPRJ aceite a denúncia, Vitor Belfort e Joana Prado poderão ser investigados e, se for o caso, processados por crime de racismo religioso, que prevê pena de reclusão e multa. Até o momento, o casal, que reside nos Estados Unidos há 20 anos, não se manifestou sobre o ocorrido.
Essa denúncia expõe mais uma faceta da crescente intolerância religiosa no Brasil, onde religiões de matriz africana, ainda marginalizadas, continuam sendo alvos de discursos de ódio e preconceito. O episódio levanta questões cruciais sobre o papel de figuras públicas na disseminação de atitudes discriminatórias e a necessidade
de um enfrentamento mais rigoroso da intolerância em todas as suas formas.

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