Denúncias graves expõem falhas e descaso em creche municipal de Volta Redonda

Uma série de denúncias sobre maus-tratos, falta de higiene e superlotação no Centro Municipal de Educação Infantil Dauro Peixoto Aragão, no bairro Tangerinal, em Volta Redonda, causou indignação nas redes sociais e levou o caso até o gabinete do prefeito Antônio Francisco Neto.

As acusações começaram após a mãe Bárbara Brant publicar um vídeo relatando problemas vividos por sua filha dentro da unidade. O conteúdo ganhou repercussão e motivou o depoimento de outros pais, que também relataram situações graves envolvendo negligência e condições precárias no atendimento às crianças.

O caso chegou à Câmara Municipal, e os vereadores Renan Cury e Betinho Albertassi entregaram um relatório detalhado ao prefeito, cobrando providências imediatas. Em vídeo divulgado nas redes sociais, Neto reconheceu a gravidade das denúncias e afirmou ter enviado a subsecretária de Educação, Valéria, à creche para apurar os fatos.

“Isso não vai continuar. Não pode haver maltrato com criança nenhuma”, disse o prefeito.

Falhas estruturais, sanitárias e administrativas

O relatório entregue à prefeitura descreve um cenário alarmante: colchões mofados, edredons e cobertores sem higienização, e tatames de EVA frequentemente sujos com fezes, urina e vômito. As condições de higiene precárias teriam provocado surtos recorrentes de herpes, sarna, piolho e outras infecções.

Além das questões sanitárias, o documento destaca o excesso de crianças por sala, o que compromete a segurança e o acompanhamento adequado por parte das educadoras. Também há relatos de que os alunos passam longos períodos sem banho de sol ou atividades externas, contrariando orientações básicas da Educação Infantil.

Alguns casos descritos são classificados como de natureza grave, e deverão ser encaminhados a órgãos de controle e investigação para apuração formal.

Um retrato do abandono infantil

As denúncias contra a creche Dauro Peixoto Aragão revelam o que pais e profissionais da rede municipal já vinham alertando: a precarização silenciosa do ensino infantil em Volta Redonda. A falta de estrutura, de fiscalização e de investimento expõe crianças pequenas a situações indignas — dentro de um espaço que deveria garantir acolhimento e cuidado.

O episódio levanta uma questão incômoda: como uma rede municipal de ensino pode permitir que problemas tão básicos cheguem a esse ponto sem qualquer ação preventiva?

Enquanto a prefeitura promete “tomar providências”, famílias seguem inseguras e revoltadas. E mais uma vez, o que deveria ser um ambiente de aprendizado e proteção se torna símbolo da ausência de gestão e de responsabilidade pública.