Deputado Glauber Braga inicia greve de fome em protesto contra processo de cassação

O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) anunciou, no final da tarde desta quarta-feira (9), o início de uma greve de fome em protesto contra o processo de cassação de seu mandato. A decisão foi tornada pública durante uma tumultuada sessão do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, que analisa o pedido de cassação por conta de um episódio envolvendo um militante do Movimento Brasil Livre (MBL), supostamente agredido e expulso das dependências da Casa pelo parlamentar.

O relator do processo, deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), apresentou parecer favorável à cassação, o que acirrou os ânimos na sessão. Glauber Braga reagiu com veemência, alegando perseguição política e apontando o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), como articulador da ofensiva.

“Não vou ser derrotado por Arthur Lira e pelo Orçamento Secreto”, declarou o deputado, referindo-se ao esquema de liberação de emendas parlamentares investigado em gestões anteriores. Braga afirmou ainda que permanecerá nas dependências da Câmara até que o plenário decida sobre seu mandato.

A deputada Luiza Erundina (PSOL-SP), histórica aliada de Braga, manifestou solidariedade ao colega e propôs que os parlamentares do PSOL e demais apoiadores permaneçam no Congresso em sinal de resistência. “É hora de união diante de mais um ataque à liberdade parlamentar e à oposição firme neste país”, afirmou.

O Conselho de Ética ainda não definiu a data para votação do parecer, mas a expectativa é que a decisão seja encaminhada ao plenário nas próximas semanas. O clima nos bastidores da Câmara é de tensão, com parlamentares divididos entre a defesa da liberdade de expressão e a manutenção da ordem institucional.

Braga, conhecido por sua atuação combativa e crítica aos poderes centrais, reforçou que sua greve de fome é um ato de protesto político. “Não é só o meu mandato que está em jogo. É o direito de qualquer parlamentar de enfrentar os poderosos sem ser silenciado”, concluiu.