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Desinformação e Populismo: A Resposta Simplista de Ricardo Nunes à Proposta de Redução de Danos

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 12 de mar.
  • 2 min de leitura

Mais uma vez, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), escolhe o caminho do populismo raso e da desinformação ao reagir, de forma agressiva e superficial, ao projeto do deputado estadual Eduardo Suplicy (PT) que propõe a criação de espaços de uso seguro de substâncias psicoativas no estado. Em vez de encarar com responsabilidade e seriedade um dos problemas mais complexos da capital – a crise humanitária da Cracolândia – Nunes prefere distorcer a proposta em um discurso eleitoreiro, reforçando preconceitos e bloqueando soluções que já provaram ser eficazes em outros países.


Ao afirmar em tom debochado que a ideia seria uma “apologia ao uso de drogas”, o prefeito demonstra desconhecimento ou má-fé sobre o conceito de redução de danos, uma estratégia reconhecida mundialmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e aplicada com sucesso em países como Suíça, Holanda e Alemanha. Nessas nações, as salas de uso supervisionado não só reduziram drasticamente as mortes por overdose e a disseminação de doenças infecciosas, como também ajudaram na reinserção social de dependentes e na desarticulação de mercados ilegais de drogas.


O projeto de Suplicy não propõe “incentivar o uso de drogas”, como tenta fazer crer o prefeito, mas sim criar um ambiente supervisionado por profissionais de saúde, com acesso a apoio psicológico e encaminhamento para tratamento. Em vez de permitir que milhares de pessoas fiquem à mercê do tráfico em espaços públicos, a proposta busca garantir segurança, dignidade e acolhimento, oferecendo alternativas reais para aqueles que enfrentam a dependência química.


A reação de Nunes não surpreende. Desde o início de sua gestão, sua política para a Cracolândia tem sido marcada por ações truculentas e ineficazes, com operações policiais midiáticas que apenas fragmentam os fluxos de usuários pela cidade, sem oferecer soluções estruturais ou humanitárias. Enquanto cidades ao redor do mundo adotam abordagens mais científicas e humanizadas, São Paulo segue presa a uma lógica punitivista que só agrava a vulnerabilidade social e intensifica a crise.


A postura do prefeito não apenas demoniza uma proposta que poderia salvar vidas, mas também evidencia a falta de compromisso com políticas públicas baseadas em evidências. Ao invés de investir em programas que atacam as causas do problema – como saúde, moradia e acolhimento – Nunes aposta em discursos vazios que simplificam uma questão complexa e ignoram as experiências bem-sucedidas no exterior.


Se de fato o prefeito estivesse preocupado em reduzir o consumo de drogas e os impactos sociais da Cracolândia, abriria espaço para o diálogo e para a construção de políticas inovadoras. No entanto, sua reação desproporcional ao projeto de Suplicy reforça o que sua gestão já tem demonstrado: falta de visão, ausência de empatia e um compromisso maior com a retórica do que com resultados reais.



 
 
 

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