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Dia do Patriota”: homenagem ou provocação?

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 8 de abr.
  • 2 min de leitura

A proposta de instituir o “Dia Municipal do Patriota” em Novo Hamburgo (RS) revela mais do que uma simples tentativa de criar uma data comemorativa: expõe o uso da máquina pública para alimentar cultos de personalidade e aprofundar divisões políticas, em um momento em que a população clama por soluções reais e urgentes.


A escolha do dia 21 de março — coincidentemente ou não, aniversário do ex-presidente Jair Bolsonaro — foi o estopim de uma sessão tumultuada na Câmara Municipal. O autor da proposta, vereador Juliano Souto (PL), tenta justificar a homenagem em nome do “patriotismo que transcende governos”, mas escorrega ao recorrer a nomes como Ayrton Senna e Ronaldinho Gaúcho para tentar diluir o peso político da escolha. É uma manobra retórica que, longe de amenizar a polêmica, apenas a escancara.


A reação da sociedade civil e de parlamentares contrários ao projeto revela o quanto a pauta é desconectada das reais necessidades da cidade. Em vez de discutir políticas públicas, saneamento, saúde ou o aumento da conta de água em 25%, o Legislativo se ocupa de uma proposta carregada de simbolismo ideológico e baixa relevância prática. A vereadora Luciana Martins (PT) foi direta ao chamar o pedido de vista de “afronta ao público presente”. E de fato, é. Um adiamento que soa como estratégia para esfriar a mobilização popular.


Já o líder do governo, Giovani Caju (PP), prefere se blindar sob o discurso da “intimidação externa”, como se reagir a uma proposta controversa fosse uma ameaça à democracia — quando, na verdade, é a essência dela.


Há um Brasil que ainda tenta transformar figuras políticas em mitos, mesmo diante de denúncias, escândalos e decisões judiciais. Celebrar “o patriota” no dia do nascimento de Bolsonaro não é apenas uma escolha simbólica — é uma declaração ideológica com intenção clara: manter viva uma narrativa que rejeita o contraditório e deslegitima qualquer voz dissonante.


Enquanto isso, os problemas reais da população seguem à espera de atenção




 
 
 

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