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Diretor da Abin depõe por mais de cinco horas à PF em investigação sobre estrutura paralela

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 18 de abr.
  • 2 min de leitura

O diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Corrêa, prestou depoimento por mais de cinco horas à Polícia Federal, em Brasília, no âmbito das investigações sobre uma suposta estrutura paralela dentro da agência. A oitiva ocorreu em meio ao avanço das apurações iniciadas após denúncias de uso indevido de tecnologias de espionagem e interferências em investigações internas. A informação foi divulgada pelo jornal O Globo e confirmada pelo UOL.


Corrêa, que já foi diretor-geral da própria PF e assumiu o comando da Abin no atual governo Lula, foi questionado sobre possíveis tentativas de obstrução das investigações. Segundo o depoimento de um servidor da agência à PF, Corrêa teria sugerido uma “intervenção” na corregedoria da Abin durante uma operação de busca e apreensão, realizada em janeiro de 2024.


“Na reunião, Luiz Fernando falou num tom agressivo que deveria fazer uma intervenção na corregedoria; naquele momento a corregedoria estava colaborando com a diligência de busca e apreensão”, relatou o servidor, segundo documento oficial.


Também prestou depoimento o ex-diretor-adjunto da Abin, Alessandro Moretti, demitido após uma fase da operação da PF no ano passado. Delegado de carreira da Polícia Federal, Moretti foi braço-direito do ex-ministro da Justiça Anderson Torres e integrou cargos de direção na Abin durante o governo Bolsonaro. Mesmo após a chegada de Corrêa, ele permaneceu na estrutura da agência.


Outro ponto sensível abordado na investigação envolve uma denúncia de espionagem contra autoridades do Paraguai. De acordo com um agente da Abin, um “e-mail espião” teria sido usado para invadir computadores de membros do governo paraguaio, incluindo integrantes da Presidência e do Congresso, durante negociações sobre o valor pago pela energia de Itaipu. O episódio provocou tensão diplomática entre os dois países.


Após a revelação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou Corrêa e o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, para uma reunião no Palácio do Planalto. Fontes ouvidas pela imprensa indicam que há uma relação conflituosa entre os dois dentro do governo.


A investigação sobre a chamada “Abin paralela” ganhou força após reportagem do O Globo revelar o uso do software espião FirstMile para monitorar opositores políticos durante o governo Bolsonaro, sem autorização judicial. Em janeiro, a colunista Bela Megale noticiou que a atual direção da agência dificultou o acesso da PF a dados sensíveis e ao Centro de Inteligência Nacional durante uma operação no dia 25 daquele mês.


A atual cúpula da Abin tem sido associada a nomes da gestão anterior. Além de Moretti, o ex-número três da agência, Paulo Maurício Fortunato, também foi alvo da PF. Em outubro de 2023, Fortunato teve US$ 171,8 mil apreendidos em casa e alegou se tratar de uma “poupança” para a aposentadoria, negando qualquer irregularidade.


Ao ser exonerado, Moretti divulgou nota afirmando que compartilhou todos os documentos sobre o caso FirstMile com a PF e que, durante sua gestão interina, determinou a abertura de uma sindicância interna pela corregedoria.


Na decisão que autorizou a operação de janeiro, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mencionou indícios de interferência da direção da Abin no curso das investigações. No entanto, destacou que ainda não era possível identificar com clareza a intenção dessas ações.



 
 
 

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