Documento revela que Rubens Paiva morreu sob tortura durante a ditadura militar

Um documento assinado pelo médico Amílcar Lobo (1939-1997) confirma que o ex-deputado federal Rubens Paiva morreu em decorrência de tortura durante a ditadura militar. Lobo, que atuou como médico do regime e mais tarde admitiu seu arrependimento, desmentiu a versão oficial de que Paiva teria sido sequestrado por “terroristas” após ser preso. Segundo relato do médico, publicado pelo colunista Ancelmo Gois, em O Globo, ele examinou o político no DOI-Codi, na Tijuca, e constatou evidências claras de agressões físicas.

A cópia do documento será exibida a partir desta segunda-feira (24) no Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro, como parte da programação da “Semana Memórias Abertas”, evento que marca os 61 anos do golpe de 1964. A iniciativa busca resgatar e preservar a memória das vítimas do regime militar, por meio de exposições e debates sobre o período.

Entre os materiais em destaque, estará também uma cópia do jornal O Estado de S. Paulo, que, à época, reproduziu a versão oficial do Exército sobre o desaparecimento de Rubens Paiva. O caso do ex-deputado, um dos símbolos da violência estatal durante a ditadura, foi abordado no filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles.

Além das exposições, a programação inclui atividades pedagógicas voltadas para estudantes. Nos dias 25, 31 de março e 1º de abril, serão realizadas oficinas de cartazes destinadas a alunos do Ensino Fundamental e Médio. Antes da produção dos cartazes, os participantes terão a oportunidade de realizar uma visita guiada ao Arquivo Nacional e ao Centro de Referência Memórias Reveladas, aprofundando o conhecimento sobre os abusos cometidos no período ditatorial.

A “Semana Memórias Abertas” reforça a importância do resgate histórico e da reflexão crítica sobre as violações de direitos humanos durante a ditadura militar, um capítulo ainda sensível e fundamental para a democracia brasileira.