Duplicação da Serra das Araras avança com entrega de primeiro viaduto prevista para maio
- Marcus Modesto
- 22 de abr.
- 3 min de leitura
Um ano após o início das obras de duplicação da Serra das Araras, trecho mais crítico da Via Dutra (BR-116) entre o Rio de Janeiro e São Paulo, os trabalhos atingiram 25% de execução. A primeira entrega concreta do projeto está prestes a acontecer: um viaduto de 50 metros de extensão, no sentido São Paulo, deve ser inaugurado ainda em maio, segundo informou a CCR RioSP, concessionária responsável pela rodovia.
Localizado na altura de Paracambi (RJ), o novo elevado será o primeiro dos 24 previstos no projeto de modernização da serra. A estrutura já está em fase de acabamento e contará com quatro faixas, embora apenas duas devam ser liberadas inicialmente para garantir a fluidez na transição com os trechos antigos da pista. A entrega acontecerá um mês antes do previsto e permitirá o avanço de intervenções em outros pontos da rodovia, que atualmente seguem sendo utilizados por motoristas.
Com investimento total estimado em R$ 1,5 bilhão, o projeto tem como principal meta dobrar a capacidade de tráfego do trecho, hoje restrita a duas faixas por sentido. Quando finalizada — em 2028 no sentido São Paulo e em 2029 no sentido Rio — a serra contará com quatro faixas e acostamento nos dois sentidos. A expectativa é de que o tempo de descida seja reduzido em até 50% e o de subida, em 25%.
“Fazer uma obra dessa magnitude exige planejamento e dedicação. Estamos cada vez mais próximos de oferecer uma serra moderna e eficiente para todos os motoristas”, afirmou Carla Fornasaro, diretora-presidente da CCR RioSP.
Além de ampliar a capacidade, o novo traçado reduz a sinuosidade do percurso e minimiza aclives e declives, facilitando o tráfego de veículos pesados e melhorando a segurança. O desnível de 400 metros, somado à intensa movimentação — com 36% do tráfego composto por caminhões — transforma o trecho em um dos mais desafiadores da rodovia.
A construção dos viadutos também representa um ganho ambiental. “Ao erguer os elevados, conseguimos evitar áreas sensíveis como nascentes e proteger a fauna local”, explicou Virgilius Morais, engenheiro responsável pela obra.
A Serra das Araras, inaugurada em 1928, foi projetada para um fluxo insignificante de veículos. Hoje, integra a principal ligação rodoviária entre as maiores cidades do país e é responsável por escoar cerca da metade do PIB brasileiro, segundo estimativas do governo federal.
Para motoristas que usam a rodovia com frequência, a duplicação representa alívio. A carioca Nicole Gois, residente em Sorocaba, relata que a descida da serra é o trecho mais temido da viagem: “As curvas fechadas e o volume de caminhões tornam o trajeto sempre tenso. Já tive viagens que duraram o dobro por causa de acidentes”, diz.
Fabiano Oliveira, empresário que trafega pela Dutra semanalmente, aponta a falta de áreas de escape e ultrapassagem como grandes obstáculos. “A duplicação é essencial para tornar a BR-116 mais segura e funcional nesse trecho tão crítico.”
Atualmente, as frentes de trabalho se concentram na pista de subida, com detonações de rochas programadas entre terças e quintas, das 13h às 15h. Ao todo, serão removidos 600 mil metros cúbicos de material rochoso — suficiente para encher 40 mil caminhões. Todo o volume, no entanto, está sendo reaproveitado na própria obra, por meio de um sistema de britagem montado no canteiro.
Mais de 2 mil trabalhadores atuam diretamente no projeto, número que deve chegar a 5 mil até 2029, somando empregos diretos e indiretos em cidades como Piraí e Paracambi. O plano ainda inclui a criação de um ponto de apoio estruturado para os tradicionais vendedores de frutas que atuam na região, reorganizando a atividade e garantindo maior segurança viária.
Com entregas previstas em etapas até 2029, a duplicação da Serra das Araras deve transformar completamente a experiência de quem cruza essa rota estratégica, promovendo fluidez, segurança e desenvolvimento econômico.




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