Editorial
- Marcus Modesto
- 10 de jan.
- 2 min de leitura
A Crise de Identidade de Barra Mansa: Reflexo do Abandono Político
Marcus Modesto
Barra Mansa, outrora um dos pilares econômicos do Brasil Imperial, vive hoje uma crise profunda de identidade. No passado, a cidade brilhou como maior produtora de café do Império, consolidando-se como um centro de riqueza e desenvolvimento. Nos anos seguintes, destacou-se na produção leiteira, sendo referência nacional. Na década de 1930, grandes indústrias se instalaram no município, atraídas pela sua localização estratégica e pela força de trabalho local. Barra Mansa também ostentava um comércio vibrante, que fazia da cidade um ponto de encontro regional para negócios e cultura.
Mas o que restou desse passado glorioso? Hoje, Barra Mansa é uma sombra do que já foi. A decadência de suas indústrias, antes grandes empregadoras, deixou um vácuo econômico que nunca foi preenchido. O comércio local, outrora pujante, é ofuscado por vizinhos mais dinâmicos, como Volta Redonda e Resende. E a população, que deveria ser o foco central de qualquer política pública, amarga com o desemprego e a falta de perspectivas.
Essa situação não é obra do acaso. É fruto de décadas de descaso e incompetência política. Os gestores do município, ao longo do tempo, falharam em entender as mudanças econômicas e em planejar um futuro sustentável para Barra Mansa. Um exemplo recente é o legado deixado pelo ex-prefeito Rodrigo Drable, que saiu do cargo no final de 2024, após oito anos de mandato, deixando a cidade com uma dívida de 400 milhões de reais. Durante sua gestão, pouco foi feito para modernizar a economia local ou atrair novos investimentos que pudessem reverter o quadro de estagnação.
Além disso, a falta de investimento em infraestrutura e educação impediu que Barra Mansa acompanhasse o ritmo de desenvolvimento das cidades vizinhas. Enquanto outros municípios da região buscaram se reinventar, Barra Mansa parece ter ficado estagnada, vivendo de um passado que já não existe.
Os políticos, em sua maioria, preferem discursos populistas e projetos superficiais a ações concretas. Ao invés de criar um plano estratégico para resgatar a cidade, promovem obras eleitoreiras e promessas que nunca se cumprem. A falta de liderança visionária e comprometida é evidente.
A crise de identidade de Barra Mansa não é só econômica; é também social e cultural. É o reflexo de uma gestão que perdeu o contato com as raízes e as necessidades do povo. É hora de os políticos pararem de tratar Barra Mansa como trampolim para carreiras pessoais e começarem a trabalhar de fato pelo futuro da cidade. A população, por sua vez, precisa exigir mais: mais planejamento, mais responsabilidade, mais transparência.
Se nada mudar, Barra Mansa continuará a ser uma cidade que vive de memórias, sem conseguir construir um amanhã digno de seu passado. É urgente que a cidade reencontre seu caminho e sua identidade, mas, para isso, é necessário romper com o ciclo de abandono político e incompetência administrativa que a aprisiona.
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