Editorial – Barra Mansa: segurança pública à deriva
- Marcus Modesto
- 14 de ago.
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Marcus Modesto
Barra Mansa atravessa 2025 sob o peso de uma crise de segurança que parece não ter fim. O município encerrou 2024 com 61 homicídios, segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP), número que, embora inferior aos 75 registrados em 2023, ainda mantém a cidade na liderança isolada da violência letal no Sul Fluminense. É uma estatística que expõe não apenas o tamanho do desafio, mas também o fracasso das políticas de enfrentamento adotadas até agora.
Desde a posse do prefeito Luiz Furlani, a cena se repete: anúncios de operações, presença de veículos blindados, postagens em redes sociais e promessas de reforço no policiamento. Medidas que rendem imagens, mas não mudam a realidade. Quando o “caveirão” vai embora, os becos continuam nas mãos do crime, e as disputas armadas seguem impondo medo à população.
A dimensão do problema vai além dos indicadores de violência. Segundo estimativa divulgada, o tráfico de drogas movimenta cerca de R$ 160 milhões por ano em Barra Mansa — algo em torno de R$ 160 mil por dia. É um mercado ilegal de proporções industriais que garante combustível financeiro para facções, compra de armamento pesado e manutenção de uma rede de aliciamento de jovens. Enquanto isso, o poder público limita-se a ações pontuais e discursos que pouco dialogam com políticas estruturais.
Os dados da AISP 28, que engloba Barra Mansa e Volta Redonda, mostram uma queda discreta nos crimes patrimoniais: o total de roubos passou de 57, no primeiro bimestre de 2023, para 48 no mesmo período de 2025. Mas esse recuo não se reflete na principal ferida da cidade — a violência letal. Reduzir homicídios exige muito mais que blitzes e escoltas pontuais: é preciso investigação qualificada, elucidação rápida de assassinatos, presença permanente do Estado em áreas vulneráveis e políticas sociais que ocupem o espaço hoje dominado pelo tráfico.
Barra Mansa precisa, com urgência, de um Plano Municipal de Redução de Homicídios com metas claras, acompanhamento público e ações integradas entre segurança, assistência social, educação e urbanismo. Sem isso, continuará vivendo a mesma rotina: violência alta, operações midiáticas e promessas não cumpridas. A população quer segurança real, e não um roteiro para as redes sociais.






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