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Editorial:Câmara de Barra Mansa um exemplo local da jabuticaba que custa bilhões ao Brasil

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 12 de abr.
  • 2 min de leitura

Marcus Modesto


Entre as excentricidades políticas do Brasil, uma se destaca pela originalidade e pelo custo altíssimo: o vereador remunerado. Em 181 países que integram a Organização das Nações Unidas (ONU), apenas um transformou a função de conselheiro municipal em profissão bem paga. E é claro que esse país é o Brasil. Uma invenção nacional tão peculiar quanto a jabuticaba — e tão cara quanto desnecessária.


A Câmara Municipal de Barra Mansa é um exemplo perfeito dessa distorção. Com sessões esvaziadas de conteúdo, projetos irrelevantes e um comportamento submisso ao Executivo, o legislativo municipal pouco ou nada tem contribuído para a melhoria real da vida dos cidadãos. Mesmo assim, cada vereador recebe salário superior a R$ 10 mil, fora benefícios, estrutura de gabinete, assessores e carros oficiais. Um custo milionário anual para manter uma estrutura que, na prática, gera muito discurso e pouquíssima fiscalização.


Quantas vezes a população viu a Câmara realmente bater de frente com irregularidades? Quantas CPIs foram abertas? Quantas leis transformadoras surgiram dali? Raríssimas. Na maior parte do tempo, os vereadores seguem votando moções de aplausos, concedendo títulos de cidadão barra-mansense e promovendo homenagens protocolares — enquanto as ruas estão esburacadas, escolas carecem de investimento e postos de saúde vivem abarrotados.


A existência desse tipo de legislativo pago se justifica apenas por uma decisão política tomada em 1977, durante o regime militar, quando o então presidente Ernesto Geisel estendeu os salários aos vereadores do interior. De lá para cá, a máquina só cresceu. Hoje, com mais de 50 mil vereadores no país, o custo da vereança ultrapassa R$ 4,8 bilhões por ano.


Barra Mansa, com sua Câmara inoperante e cara, reflete um problema nacional: uma estrutura que existe mais para manter privilégios políticos do que para representar o povo. Um dinheiro jogado fora, ano após ano, em nome de uma representatividade que só existe no papel.


Em tempos de crise e contenção, talvez seja a hora de perguntar: até quando vamos continuar financiando uma jabuticaba que só serve para encher o bolso de poucos e esvaziar os cofres de todos.



 
 
 

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