Eduardo Bolsonaro e o Exílio Imaginário: A Falácia de um Asilo Político
- Marcus Modesto
- 18 de mar.
- 2 min de leitura
A decisão do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) de solicitar asilo político nos Estados Unidos é, no mínimo, uma estratégia descarada para escapar das responsabilidades que ele, como parlamentar, deveria assumir. Alegando medo de uma possível extradição e de ações contra suas contas bancárias, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro tenta se colocar como vítima de um suposto “perseguido político”, uma narrativa conveniente que distorce a realidade dos fatos.
Primeiramente, é importante questionar a lógica por trás dessa demanda de asilo. O parlamentar, que ocupa um cargo de representação pública no Brasil, está aparentemente mais preocupado com as possíveis consequências legais de suas declarações e ações do que com seu compromisso com a democracia e o Estado de Direito. A alegação de que corre risco de ter seu passaporte apreendido, como se fosse um mártir da liberdade de expressão, não passa de um discurso vazio, que visa angariar simpatia ao invés de apresentar argumentos sólidos e sustentáveis.
Eduardo Bolsonaro não está sendo perseguido por suas ideias políticas, mas sim por atitudes que podem configurar crimes contra a soberania nacional. Seu comportamento tem sido marcado por declarações irresponsáveis e por tentativas de incitar violência contra membros do Supremo Tribunal Federal (STF). Como representante eleito, suas ações são monitoradas e, quando ultrapassam os limites legais, é natural que o Judiciário intervenha, conforme ocorre em qualquer país democrático. Questionar a imunidade parlamentar como se fosse um escudo intransponível para a impunidade é um desserviço à própria democracia que ele diz defender.
Além disso, a notícia de que Eduardo Bolsonaro foi vetado de assumir a presidência da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara, a pedido do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, revela o quão desconectado ele está da política institucional brasileira. Ao ser afastado de um cargo relevante, fica claro que sua postura agressiva e polarizadora não é mais bem-vinda nem mesmo dentro de seu próprio partido, que busca minimizar os danos causados pela radicalização da família Bolsonaro.
Com essa jogada, Eduardo parece tentar construir uma narrativa de exílio forçado, enquanto, na verdade, o que está em jogo é sua tentativa de escapar das consequências políticas e judiciais de suas ações. O verdadeiro teste para o deputado será se ele será capaz de justificar suas escolhas perante seus eleitores, que o colocaram na Câmara, ou se ele preferirá se refugiar em um discurso vitimista, mas desconectado da realidade brasileira.

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