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Em Barra Mansa, Dia da Saúde expõe contradição entre ação simbólica e caos nos atendimentos

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 7 de ago.
  • 2 min de leitura

Enquanto tendas coloridas eram montadas na Praça da Matriz nesta terça-feira (5), em alusão ao Dia Nacional da Saúde, moradores de Barra Mansa ainda enfrentavam filas intermináveis, falta de médicos em postos, ausência de medicamentos básicos e uma rede pública colapsada. A ação promovida pela Secretaria de Saúde — com aferição de pressão, liberação miofascial e orientações — teve boa receptividade entre os presentes, mas escancarou o abismo entre o discurso institucional e a dura realidade nos bairros.


De forma simbólica, a prefeitura tentou dar uma resposta ao que deveria ser uma política pública permanente. No entanto, os gestos pontuais não compensam o que a população vive diariamente: unidades básicas sem estrutura, profissionais sobrecarregados, exames que demoram meses para serem marcados e pacientes obrigados a recorrer à Justiça para garantir tratamentos.


Uma vitrine para encobrir os bastidores do sistema


A coordenadora da Atenção Básica, Adriana Alves, afirmou que a proposta da ação era “levar informação e cuidado para as pessoas”. Mas para quem depende do SUS em Barra Mansa, a informação mais evidente é o abandono. Em bairros como Vista Alegre, São Luiz, Colônia e Santa Clara, moradores relatam que conseguem vaga em consulta com clínico geral — mas não têm acesso a especialistas. Dentistas são raridade em postos. Fisioterapia, fonoaudiologia e acompanhamento psicológico, quando existem, são limitados e precários.


No Hospital da Mulher, mães se queixam da demora nos atendimentos. O Pronto-Socorro da Região Leste frequentemente é alvo de denúncias por superlotação. No CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), os relatos são de pacientes sem atendimento regular, mesmo diante de quadros graves de depressão, esquizofrenia ou dependência química.


Em vez de enfrentar esses gargalos, o governo municipal opta por ações esporádicas e de impacto midiático, enquanto os problemas estruturais continuam sendo empurrados para debaixo do tapete.


Cuidar da saúde também é combater a omissão


O Dia Nacional da Saúde, criado para homenagear Oswaldo Cruz e reforçar a importância da saúde pública, não pode ser reduzido a eventos simbólicos. É preciso lembrar que o SUS é sustentado com recursos públicos e, portanto, deve oferecer dignidade, não improviso. O acesso à saúde é um direito — e não um favor.


Barra Mansa tem potencial para fazer mais. Tem profissionais dedicados, parte da infraestrutura pronta e uma população que clama por atendimento digno. O que falta é gestão eficiente, planejamento de longo prazo e, principalmente, compromisso com quem mais precisa.


Enquanto o poder público celebra datas em praças, a população continua esperando por uma saúde que funcione de verdade — todos os dias.

Foto Secom PMBM

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